Resumo

Em 2016, o número de falências atingiu o pico de 1,8 mil empresas (SERASA, 2021) e uma taxa de desocupação da população de 13,7% (IBGE, 2021). Nos anos seguintes, ambos os indicadores apresentaram queda, ou seja, o ambiente de negócios no Brasil vinha apresentando sinais de melhora. Em 2020, foi declarada a pandemia ocasionada pelo “novo coronavírus 2019 (2019-nCoV)” (OMS, 2020ª). As medidas de isolamento social apesar de mais eficazes para conter a disseminação do vírus, causam consequências socioeconômicas. Sendo assim, é esperado que o número de empresas insolventes volte a crescer em 2021.

Sabendo que as falências das empresas podem ser determinadas tanto por fatores intrínsecos as empresas (financial distress) e/ou a determinantes econômicos (economic distress), torna-se importante realizar estudos que busquem evidenciar para as empresas os fatores que contribuem para redução da capacidade de liquidez das mesmas. Este trabalho objetiva verificar os determinantes econômicos da mortalidade de empresas nas cinco macrorregiões brasileiras entre os anos de 2019 e 2020, ou seja, analisando um período anterior e após o início da pandemia de Covid-19 e capturando seu efeito.

Para empreender a análise bibliográfica foi realizada uma busca no periódico Capes, utilizando as técnicas de pesquisa de rede e anzol para mapear o máximo de artigos resultantes da pesquisa pelas palavras-chaves e realizar o levantamento do ano de publicação, autores e quantidade de citações. Foram selecionados os trabalhos mais citados, dentre os mais recentes e mais antigos, para compor a revisão bibliográfica deste estudo. É possível apontar por meio desta revisão, que os trabalhos buscaram realizar análises acerca dos determinantes de economic distress para economias nacionais.

Foi utilizado um painel de dados mensal entre janeiro de 2019 a dezembro de 2019, totalizando 120 observações. Após a realização dos testes de Breusch-Pagan e Hausman concluiu-se que o modelo mais apropriado para analisar os determinantes da solvência das empresas em âmbito regional foi o estimador de efeitos fixos. A variável dependente da análise é a taxa de mortalidade das empresas. As variáveis econômicas utilizadas como explicativas, são: demanda de crédito pelo empresário, custo do m², valor da tarifa média de energia elétrica, número de empregos e salário médio dos trabalhadores.

Foi possível verificar que a demanda por crédito, custo do m2 e tarifa de energia elétrica contribuem positivamente para o aumento da mortalidade das empresas. Quando foi analisado o número de empregos e massa salarial verificou-se que ambas as variáveis inseridas no modelo para captar o nível econômico regional não se mostraram estatisticamente significante. O número de mortes por Covid-19 aumenta a mortalidade das empresas. Por último, o resultado revelou que o isolamento reduz a mortalidade das empresas.

Pode-se concluir que os achados para as variáveis demanda por crédito, custo do m2 e tarifa de energia elétrica foram similares aos apresentados pela literatura, que apesar da literatura utilizar o nível de atividade econômica para explicar a mortalidade das empresas os resultados encontrados revelaram que, pelo no âmbito regional, isto não é valido, que a pandemia impactou a mortalidade das empresas e que as medidas provisórias contribuíram significativamente para a manutenção das empresas brasileiras durante este período.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Disponível em: https://www.ibge.gov.br/indicadores OMS - Organização Mundial da Saúde (Org.). WHO Director-General’s statement on IHR Emergency Committee on novel coronavirus (2019-nCoV). Published on January 30, 2020a. SERASA EXPERIAN. Indicadores Serasa Experian. Disponível em: http://www.serasaexperian.com.br/release/indicadores/ demanda_pf_credito