Resumo

A monitoria, como apontado por Dantas (2014), caracteriza-se também pelo viés incentivador, especialmente, à iniciação à docência. O ensino no país foi afetado, já que as instituições tiveram que se adaptar à nova realidade, imposta pela pandemia de forma abrupta, pois tiveram que aderir ao ‘ensino remoto emergencial’. Para adotar esse período emergencial, os professores precisaram se reinventar e readequar suas estratégias de ensino às novas tecnologias educacionais (HODGES et al., 2020). Da mesma forma, a monitoria acadêmica passou por adaptações nessa modalidade emergencial.

O estudo possui o seguinte problema: como funciona a prática da monitoria acadêmica em meio ao ensino remoto emergencial (ERE)? O objetivo geral é compreender a prática da monitoria acadêmica no ERE sob a ótica dos docentes e monitores da graduação em Administração da UFPB. Como objetivos específicos, a pesquisa visa estudar a mudança no papel do monitor entre o ensino presencial e remoto; entender o papel do professor nesse processo; analisar as contribuições práticas dos atores; avaliar o processo de aprendizagem ao longo da execução da monitoria; e, depreender os resultados percebidos.

A monitoria acadêmica é entendida como um ato acadêmico de acompanhar e/ou auxiliar um docente no desenvolvimento de uma disciplina (BORGES; GONZÁLEZ, 2017), promovendo uma experiência de ensino prévia ao desenvolvimento oficial do cargo de docência. Como forma de contribuir com a adaptação das disciplinas ao ERE, a monitoria permite auxiliar docentes com a utilização de tecnologias educacionais e novas estratégias de ensino, além de promover a cooperação com os discentes (AQUINO et al., 2020), propiciando aprendizagem a partir das experiências vivenciadas, além de novos conhecimentos.

A pesquisa, de caráter qualitativo (MERRIAM, 2009), foi desenvolvida a partir da aplicação de entrevistas com roteiro de questões semiestruturadas. Os sujeitos da pesquisa são professores orientadores e monitores do curso de graduação em Administração da UFPB, totalizando quatorze entrevistas. Os dados foram transcritos, codificados (SCHREIER, 2014), além de analisados e categorizados a partir da análise de conteúdo (BARDIN, 2016). Dos dados coletados e analisados, emergiram as categorias: ‘Monitoria no Ensino Remoto Emergencial’ e ‘Adaptação das disciplinas ao Ensino Remoto Emergencial’.

Nesta seção são apresentados os resultados advindos das entrevistas realizadas, sendo apresentados de acordo com as subcategorias relacionadas a ótica da Monitoria no Ensino Remoto Emergencial e da Adaptação das Disciplinas ao Ensino Remoto Emergencial. Professores(as) orientadores(as) e alunos(as) monitores(as) tiveram que revisitar suas competências e desenvolver-se para esta nova realidade, elaborando novas estratégias de ensino-aprendizagem. No entanto, é possível ver que as bases formadoras da prática de monitoria – assim como da prática docente – continuam as mesmas.

É possível identificar a capacidade transformadora da prática para os monitores e a capacidade de despertar o olhar dos alunos à vida acadêmica. A mudança no formato de ensino gerou mudanças incrementais na monitoria acadêmica e novas competências. A mudança é contextual às necessidades atuais. Esses novos conhecimentos podem transpor os momentos de restrição atuais e transformar a prática docente e de monitoria. Como limitações, nosso estudo deixou de lado a visão dos alunos sobre a experiência com a monitoria no ERE, o que se torna uma sugestão de estudo futuro.

AQUINO, E. M. L.; SILVEIRA, I. H.; PESCARINI, J. M.; AQUINO, R. Medidas de distanciamento social no controle da pandemia de COVID-19: potenciais impactos e desafios no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 2423-2446, 2020. BORGES, R. M.; GONZÁLEZ, F. J. O início da docência universitária: a importância da experiência como monitor em disciplinas acadêmicas. Revista Docência Ensino Superior, v. 7, n. 2, p. 50-62, jul./dez. 2017. DANTAS, O. M. Monitoria: fonte de saberes à docência superior. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 95, n. 241, p. 567-589, set./dez. 2014. [...]