1 - Bianca Spode Beltrame UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - PROGESP
2 - Marcos Vinicius Dalagostini Bidarte UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
3 - Maria Beatriz Rodrigues UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
Reumo
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2017) mostram que depressão e ansiedade possuem impacto econômico global de um bilhão de dólares por ano, e que em torno de 450 milhões de pessoas no mundo preenchem critérios para o diagnóstico de algum tipo de transtorno mental, das quais 80% vivem em países de baixa e média renda (GIRALDI, 2021). É indiscutível que a saúde mental é parte indissociável da saúde como um todo e que temáticas relativas à saúde mental vêm despertando atenção da população e de instituições, sejam públicas ou privadas, especialmente nesse momento de pandemia.
Este estudo propõe-se a pesquisar como o estigma das doenças mentais impacta na inserção no mercado de trabalho e no desenvolvimento da carreira de mulheres. Em especial, considera-se o contexto de pandemia de Covid-19 e suas medidas de isolamento social, visto que isso afeta diretamente a saúde e o bem-estar das pessoas envolvidas, de suas famílias, e sociedade de modo geral.
Conceito de saúde mental (OMS, 2004); Sociedade global, liquida moderna e do espetáculo (Safra, 2004; Bauman, 2008; Debord, 1997; Hipermedicalização do mal-estar (Coutinho, O'Dwyner, Frossard, 2018); Estigma (Goffman, 1980; Dejours, 2008; 2012; Capacitismo (Campbell, 2019); Interseccionalidade (Crenshaw, 1989).
Realizou-se uma revisão sistemática da literatura, analisando os artigos indexados nas bases de dados Scopus e Web of Science (Moher et al., 2009). Utilizou-se a combinação de termos baseada nas seguintes palavras-chaves: Carreira, Doença Mental, Mulher e Mulheres. Considerou-se apenas registros identificados como artigos e publicados nos últimos dez anos (recorte temporal: 2011-2020). As análises foram executadas com auxílio dos softwares Mendeley (agrupamento de dados, conferência de duplicados), Microsoft Excel (gráficos, tabelas, estatísticas) e NVivo (consulta de frequência de palavras)
Os resultados revelaram pouca produção sobre a temática, estando a discussão circunscrita na área da Saúde e às instituições do Norte Global. As consequências para as mulheres que sofrem com o estigma relacionado às doenças mentais são sérias e sua discriminação causa inúmeros danos. Esses danos são impactantes, pois, geralmente, acabam por refletir em toda uma família, muitas vezes providas por essa mulher. Torna-se necessário que a sociedade altere o seu olhar e sua prática, visando à aceitação da diversidade e à inclusão social pelo trabalho.
Propõe-se uma agenda de pesquisa sobre o tema no campo da Administração, especialmente voltada para a área de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho, tais como os impactos da pandemia na inserção laboral das mulheres como doenças mentais; análise dos marcadores sociais de diferença – como classe, raça, e sexualidade – interseccionados com a temática de doenças mentais; as mudanças relativas à educação inclusiva escolar e universitária e seus impactos no mercado de trabalho; papel dos gestores de RH na inclusão e manutenção das mulheres com doenças mentais no ambiente organizacional.
CAMPBELL, F. K. Precision ableism: a studies in ableism approach to developing histories of disability and abledment, Rethinking History, v. 23, n. 2, p. 138-156, 2019.
CRENSHAW, K. W., Demarginalizing the intersection of race and sex; a black feminist critique of discrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, p. 139-167. 1989.
GOFFMAN, E. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Ed. Zahar. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1980.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Mental Health Policy, Plans And Programmes. WHO: Genebra 2004