Resumo

A literatura sobre capacidade absortiva e temas ligados, como por exemplo, compartilhamento de conhecimentos cresceram rapidamente em diversas áreas do conhecimento, contudo este crescimento ainda é incipiente na indústria hoteleira, apesar de ser uma indústria baseada em conhecimento, pois o processamento constante de informações que são captadas através da interação com os clientes possibilita extensiva transferência de conhecimento, reutilização, armazenamento e produção de conhecimento (Hallin & Marnburg, 2008; Enz & Way, 2016; Noerchoidah & Harjanti, 2019)

Devido à escassez de estudos sobre capacidade absortiva mais especificamente estudos que investigaram os processos de aquisição, assimilação, transformação e exploração de conhecimentos externos no contexto hoteleiro. O presente estudo busca identificar práticas de aquisição, assimilação, transformação e aplicação de conhecimentos em hotéis. A questão de pesquisa é quais são as práticas para captar e absorver conhecimentos externos. Neste sentido o objetivo do estudo é identificar quais as práticas existentes para captar e absorver conhecimentos externos em empreendimentos hoteleiros.

O termo capacidade absortiva (ACAP) foi introduzido por Cohen e Levinthal (1990), os autores definiram ACAP como uma capacidade da organização em adquirir, valorizar, assimilar e gerar novos conhecimentos com o objetivo de obter vantagem competitiva sustentável (Zahra & George, 2002; Dzhengiz & Niesten, 2019). A capacidade absortiva em outros estudos foi definida como um conjunto amplo de habilidades essenciais para codificar o conhecimento tácito em explícito para que a organização consiga utilizar e remoldar de acordo com as condições ambientais (Mowery & Oxley, 1995; Zahra & George, 2002)

O estudo foi desenvolvido com método qualitativo de corte transversal. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório que é realizada em áreas na qual há pouco conhecimento acumulado, tem uma natureza de sondagem, não comporta hipóteses, mas estas podem surgir durante ou ao final da pesquisa (Vergara, 2013). Realizada por meio de estudos de casos múltiplos. Esta modalidade de estudo examina, também, o fenômeno no seu ambiente natural, utilizando múltiplos métodos de coleta de dados para reunir informações sobre uma ou mais variáveis (pessoas, grupos ou organizações) (Bessant et al., 2010).

A indústria hoteleira é baseada em conhecimento e esse processo se dá pela interação com os hóspedes (Enz & Way, 2016).As principais práticas de captação e absorção de conhecimentos externos corroboram com os indicadores da dimensão de Aquisição de Gebauer et al. (2012). Nos empreendimentos analisados, estas práticas se dão, com maior regularidade, pela interação entre hóspedes e funcionários, por meio dos guest coments e pelas avaliações realizadas nos meios digitais, redes sociais e Agência de Reservas on-line. Essas interações permitem extensiva transferência e troca de conhecimentos.

Com relação ao processo de assimilação, os respondentes relataram que reuniões de equipe são fundamentais para disseminar e absorver os conhecimentos externos. A estrutura de um empreendimento hoteleiro é simples comparada a outros segmento. O respondente do hotel de porte médio, mencionou que após reuniões regulares são inseridas nos manuais de procedimentos e na descrição de cargos as novas práticas a serem adotadas. Os achados da pesquisa relacionados às práticas nos processos de capacidade absortiva dos conhecimentos possibilitaram afirmar que o objetivo deste estudo foi alcançado.

Barney, J. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of management, 17(1), 99–120. Gebauer, H., Worch, H., & Truffer, B. (2012). Absorptive capacity, learning processes and combinative capabilities as determinants of strategic innovation. European Management Journal, 30(1), 57–73. Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic capabilities and strategic management. Strategic management journal, 18(7), 509–533. Zahra, S. A., & George, G. (2002). Absorptive capacity: A review, reconceptualization, and extension. Academy of management review, 27(2), 185–203.