Resumo

Título do Artigo

TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NA REPORTAGEM ESPECIAL DO “FANTÁSTICO”: AS UNIDADES PRISIONAIS MASCULINAS NÃO SÃO O “SHOW DA VIDA”
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Palavras Chave

Travestis
Transexuais
Prisões Masculinas

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Temas Emergentes e Modismos em Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - Marcos Vinicius Dalagostini Bidarte
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
2 - Lucas Gabriel Silveira do Canto
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA (UNIPAMPA) - Santana do Livramento
3 - Maria Beatriz Rodrigues
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração

Reumo

Em março de 2020, o programa dominical “Fantástico”, exibiu uma reportagem especial com o médico Drauzio Varella, sobre travestis e mulheres trans que estão há anos em unidades prisionais masculinas do Brasil. Constituindo uma população excluída do convívio social, as pessoas retratadas na reportagem encontram-se confinadas em unidades prisionais masculinas, enfrentando desafios diários. O estudo dialoga com a interseccionalidade (CRENSHAW, 1989, 1991), marcadores sociais de diferença, e pontos de inflexão (RIESSMAN, 2002; HUGHES, 2005), no acesso ao mercado de trabalho dessas populações.
Constituindo uma população excluída do convívio social, as travestis e mulheres trans confinadas em unidades prisionais masculinas, enfrentam desafios diários. Este estudo propõe-se a discutir como elas enfrentam o preconceito, o abandono, a violência e a solidão. Diante disso, questionamentos surgem, como Quem são elas? O que elas têm a dizer? Como levam suas vidas dentro das unidades prisionais masculinas? Como enfrentam o preconceito, o abandono, a violência e a solidão? O que esperam do futuro, após o cumprimento da pena?
A heterossexualidade como força predominante acaba considerando as demais formas de sexualidades como anormais, desviantes e inferiores (BUTLER, 2003; RICH, 1980; SEDGWICK, 2007). Estudos demonstram que práticas discriminatórias formais/diretas, ou informais/indiretas contra pessoas LGBT+ são evidentes e comuns nas organizações (CARRIERI; SOUZA; AGUIAR, 2014; PIZZI; PEREIRA; RODRIGUES, 2018). A prisão é um exemplo de instituição total (GOFFMAN, 1974), ou ainda de instituição disciplinar (FOUCAULT, 1996), destinada a proteger a sociedade de indivíduos rotulados como intencionalmente ameaçadores
O corpus deste estudo é constituído pela análise de textos, imagens e vídeos (LOIZOS, 2002). O principal material visual utilizado é a reportagem especial sobre as presidiárias travestis e trans (FANTÁSTICO, 2020a). Utilizou-se a reportagem para extrair textos, fazer a conversão de conteúdos gravados em áudio em textos escritos, e também para extrair imagens representativas, a partir de capturas de tela. Adotou-se uma abordagem qualitativa, com foco nas análises interpretativa (BAUER; GASKELL, 2002) e interseccional (CRENSHAW, 1989, 1991), ao pinçar marcadores sociais de diferença.
Os estratos de histórias de vida aqui discutidas revelam a expressão de identidades, os preconceitos e discriminações sofridas, portanto, favorecem a discussão sobre privilégios e desigualdades sociais baseadas em gênero e orientação sexual. A expressão dessas identidades oscila entre um mundo circunscrito, artificial do cárcere, que de alguma forma favorece a vivência aberta dos modos de ser e de viver, e por outro, demonstra o sofrimento infringido pela discriminação da sociedade envolvente, com suas impossibilidades de inclusão e seus ditames sobre quem pode ou não ser aceito.
A ressocialização é uma batalha enfrentada por ex-presidiários, independente da identidade de gênero, já que o julgamento moral da sociedade, se opõe a uma nova oportunidade. Para as protagonistas da reportagem especial isso não será diferente. Quando recuperarem o seu direito ao recomeço, existirá um novo obstáculo que precisarão lidar: o estigma e o título de ex-presidiárias. São dois pesos que precisam carregar: o de serem quem são, de buscar o mínimo de dignidade para viverem como se identificam; e o do julgamento moral, que insiste em associá-las à criminalidade e à prostituição.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS DO BRASIL (ANTRA). Dossiê dos assassinatos e da violência contra travestis e transexuais brasileiras em 2019. 80 p. São Paulo: Expressão Popular, ANTRA, IBTE, 2020. BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. CRENSHAW, Kimberlé. Demarginalizing the intersection of race and sex: a black feminist critique of antidi