Resumo

Título do Artigo

O CONSUMO POLÍTICO POR MEIO DAS DIETAS VEGETARIANAS
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Palavras Chave

Consumo político
Ações políticas
Dietas vegetarianas

Área

Marketing

Tema

Marketing e Sociedade

Autores

Nome
1 - Ana Cristina Ferreira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
2 - Daniel Carvalho de Rezende
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia

Reumo

Nos últimos anos tem-se observado a diminuição do consumo de alimentos cárneos e derivados de animais, que tem sido estimulada por preocupações que vão desde o bem-estar animal até a segurança alimentar. Nesse contexto, há a busca por produtos, inclusive alimentícios, que cumpram com os padrões de sustentabilidade e que não tenham nem sejam de origem animal. Assim, as dietas vegetarianas ganham espaço e importância, especialmente quando ligadas à ideologia da defesa dos animais, representando um autêntico estilo de vida, e uma filosofia que abrange o âmbito social e político.
Tem-se como questionamento norteador da pesquisa: quais ações políticas são praticadas por adeptos de dietas vegetarianas? Assim, o objetivo deste trabalho é compreender como os semivegetarianos, vegetarianos e veganos atuam politicamente em razão de suas escolhas alimentares.
Pode-se considerar o consumo político como ação que incorpora ao ato da compra, ideias e valores como ética, direitos, solidariedade, critérios políticos, sociais e ambientais e outras razões não econômicas, constituindo-se numa alternativa de resistência cotidiana às práticas convencionais de produção, comercialização e consumo, com motivações que transcendem a esfera individual. A atuação política abrange a participação em espaços políticos formais, a dinâmica cotidiana da autogestão, e a aproximação entre consumidores e produtores (PORTILHO, 2005; BENSADON; MASCARENHAS; GONÇALVES, 2017).
Quanto a abordagem da pesquisa, este estudo se classifica como qualitativo, e ainda se caracteriza, quanto aos objetivos, como sendo descritivo (GIL, 2007). Assim, foram entrevistados 42 pessoas adeptas das dietas vegetarianas selecionadas pela técnica de “bola de neve”. A quantidade de entrevistas foi definida pelo critério da saturação teórica (VERGARA, 2015). Para análise dos dados, optou-se pela técnica de análise de conteúdo, com base nos preceitos de Bardin (2016), e uso do software Nvivo.
Dois significados das dietas vegetarianas: 1) Conscientização, reflexão, respeito, preocupação com meio ambiente, expansão do movimento, busca por hábitos saudáveis, ato político e empatia com os animais; e 2) Tabu, preconceito, dúvida sobre o estilo de vida, comer mato, estranheza por parte das outras pessoas, ser diferente e representa um movimento alternativo. Ainda, são realizadas as ações políticas: procurar saber de onde vem os produtos e dar preferências para alimentos de produtores locais; buscar alimentos locais e orgânicos; buycotts; boicotes; e conscientização das pessoas.
As ações políticas não devem ser consideradas apenas no sentido coletivo, como tradicionalmente se apresenta, mas no poder da ação individualizada, ou seja, no poder político das escolhas diárias. Dessa forma, essa ação individualizada está presente quando os entrevistados afirmam que agem na “conscientização das pessoas”, e que isso acontece no seu dia a dia. Para eles, essa conscientização, seja de amigos e familiares, tem condições de refletir na sociedade quando estes farão suas escolhas de consumo.
BAKKER, E.; DAGEVOS, H. Reducing meat consumption in today’s consumer society: questioning the citizen-consumer gap. Journal of Agricultural and Environmental Ethics, v. 25, n. 6, p. 877-894, 2012. BENSADON, L. S.; MASCARENHAS, T. S.; GONÇALVES, J. A atuação dos Grupos de Consumo Responsável no Brasil: Expressões de práticas de resistências e intercâmbios em rede. Antropolítica Revista Contemporânea de Antropologia, n. 41, p. 205-232, 2017. PORTILHO, F. Consumo sustentável: limites e possibilidades de ambientalização e politização das práticas de consumo. Cadernos Ebape.br, v. 3, n. 3, 2005.