Resumo

Conforme o conhecimento passa a ser percebido como recurso valioso no ambiente organizacional, pautando novas formas de trabalho e comunicação, a Aprendizagem Organizacional torna-se estratégica ao explorar os processos de aprendizagem que ocorrem no contexto de trabalho e como eles podem resultar em inovação, melhorias operacionais, qualidade e produtividade. As organizações públicas seguem em adaptação aos diferentes modelos de Administração Pública desenvolvidos ao longo do tempo, conciliando práticas inerentes à estrutura do funcionalismo às novas demandas sociais, econômicas e políticas.

Partindo da premissa que a aprendizagem está presente em diferentes formas e mecanismos de gestão no setor público, este artigo tem como objetivo analisar como os modelos teóricos de Administração Pública podem atuar como contextos desfavoráveis ou propícios à Aprendizagem Organizacional. Utilizando o método de revisão narrativa, incluindo revisitar as principais publicações sobre os modelos Burocrático, NAP e NGP, revelaram-se características essenciais presentes nos modelos e a maneira como estes se inter-relacionam à Aprendizagem Organizacional.

Inicialmente o trabalho elabora os fundamentos e principais atributos da Aprendizagem Organizacional com base nos principais autores da área (DAVENPORT; PRUSAK, 1998; ARGYRIS; SCHON, 1978). As seções seguintes discutem os modelos burocrático de acordo com os escritos de Weber (1999), Nova Administração Pública (DENHARDT; DENHARDT, 2000) e Nova Governança Pública (OSBORNE, 2006), respectivamente, sob a lente da Aprendizagem Organizacional e seus estudos recentes.

Foram exploradas e discutidas as inter-relações entre Burocracia, Nova Administração Pública, Nova Governança Pública e Aprendizagem Organizacional, evidenciando as características de cada modelo e como elas atuam como mitigadoras ou facilitadoras de práticas de aprendizagem.

Conclui-se que o modelo Burocrático é o que detém mais atributos desfavoráveis à Aprendizagem Organizacional, entretanto, certas particularidades burocráticas podem intervir de maneira ambivalente nas práticas de aprendizagem. Já a Nova Administração Pública e a Nova Governança Pública podem ser entendidas como cenários promissores às práticas de aprendizagem, com alta convergência entre os valores, princípios e estruturas dos modelos e os objetivos e processos da Aprendizagem Organizacional.

ARGYRIS, C.; SCHON, D. A. Organizational learning: a theory of action perspective. [s.l.] Addison-Wesley Publishing Company, 1978. DAVENPORT, T.; PRUSAK, L. Working knowledge: how organizations manage what they know. Boston: Harvard Business School Press, 1998. DENHARDT, R. B.; DENHARDT, J. V. The new public service: Serving rather than steering. Public Administration Review, v. 60, n. 6, p. 549–559, 2000. OSBORNE, S. P. The New Public Governance? Public Management Review, v. 8, n. 3, p. 377–387. WEBER, M. Economia e Sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: Editora UnB,1999