1 - Taynara Roberta Fernandes Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto - Ribeirão Preto
2 - Matheus de Mello Sá Carvalho Ribeiro UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, FEA-RP
3 - Amanda Franzão Rodrigues da Silva UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO (UFTM) - Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas
4 - Cláudia Souza Passador UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP) - FEARP
Reumo
O desenvolvimento recente do sistema capitalista gerou, entre vários fatores, desigualdades sociais em países que seguem suas normas. Em países em desenvolvimento essa condição agravou mazelas históricas, gerando um panorama de realidades díspares entre setores da sociedade. Neste diapasão, governos se deparam com ainda mais dificuldades no trato de políticas públicas em prol de um número elevado de cidadãos que demandam auxílio. Assim, os negócios sociais surgiram, com objetivo não apenas de obter lucro, mas também produzir impacto social positivo.
Os negócios em meio aos problemas sociais oriundos do capitalismo levanta, entre outras, a seguinte questão: quais as convergências e os contrapontos conceituais e teóricos da literatura em negócios sociais a respeito de sua interação no sistema capitalista? Tem-se como objetivo geral neste artigo comparar perspectivas de autores, explorando estudos que compõem a discussão conceitual-teórica. Especificamente, discutimos, através de análise crítica, se esse modelo de negócio pode trazer uma real mudança social para os indivíduos e uma positiva transformação no sistema capitalista ou não.
No artigo abordamos literatura que vê, nos negócios sociais, a transformação positiva do capitalismo, inserindo contexto social aos objetivos de instituições não públicas, como Hart (2019) e Goldstein (2014). Também fornecemos contrapontos teórico-conceituais que aludem à contradição desses modelos, indicando a possibilidade do lucro, na maioria das vezes e dependendo da maior fonte de incentivo (financeiro e regulamentar), sobressair ao objetivo social, a exemplo de O’Connor (2000) e Crane et. al. (2014).
A discussão central da pesquisa salienta que, além da perspectiva de que os negócios sociais buscam um novo olhar para os negócios, incentivando empreendedores a atuarem com propósito, é necessário invocar essas contradições que podem passar despercebidas ao nosso olhar e entendimento, como por exemplo, o financiamento privado gerando dependência e uma guinada ao segundo setor, se esquecendo das reais mudanças sociais.
Estabelecemos uma discussão conceitual-teórica através da apresentação de diferentes visões acerca das particularidades dos negócios sociais e também do funcionamento do sistema capitalista, bem como demonstramos que essa interação possui convergências e contradições. Fica evidente que os negócios sociais geram benefícios e são importantes para a sociedade, mas deve ser levado em consideração a maneira com que eles são conduzidos para que os objetivos econômicos não atropelem os objetivos de impacto social.
CRANE, A.; PALAZZO, G.; SPENCE, L. J.; MATTEN, D. Contesting the value of “creating shared value”. California management review, Berkeley, v. 56, n. 2, p. 130–153, 2014; GOLDSTEIN, M. Novas organizações para uma nova economia: um mundo onde as pessoas e o planeta prosperam juntos. Elsevier, 2014; HART, S. L. Capitalismo movido por propósito. In: BARKI, E.; COMINI, G. M.; TORRES, H. G. (org.). Negócios de impacto socioambiental no Brasil: como empreender, financiar e apoiar. FGV, 2019; O'CONNOR, James. ¿ Es posible el capitalismo sostenible?. Papeles de población, v. 6, n. 24, p. 9-35, 2000.