Resumo

Título do Artigo

O ASSÉDIO MORAL E SEXUAL NO SERVIÇO PÚBLICO: características e reflexos nos pedidos de remoção em uma Instituição de Ensino Superior da Região Norte do Brasil.
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Palavras Chave

Violência laboral
Ambiente de trabalho
Relações de poder

Área

Administração Pública

Tema

Gestão Organizacional: Governança, Planejamento, Recursos Humanos e Capacidades

Autores

Nome
1 - Dielly Débora Farias Fonseca
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Comissão de Ética
2 - Carlos André Corrêa de Mattos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Faculdade de Administração
3 - Alessandro de Castro Corrêa
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ (IFPA) - Campus Belém

Reumo

O trabalho é essencialmente um aspecto de valorização humana. Contudo, muitas vezes, ele se constitui em relações conflituosas, manifestações de preconceitos e, por vezes, formas violentas. Nesse sentido, a preocupação com a violência no ambiente de trabalho ganhou maior destaque a partir do final do século XX, ocasião que passou a integrar mais frequentemente as preocupações organizacionais. Assim, gradativamente, o debate sobre a violência no ambiente organizacional ganhou contornos científicos (FREITAS, 2001) e dentre as formas de violência laboral destaca-se o assédio moral e sexual
Nesse contexto, o presente estudo concentrou-se em analisar a presença e as características do assédio moral e sexual em uma Instituição Federal de Ensino Superior da Região Norte do Brasil e, assim, mensurar seus efeitos nos pedidos de remoção. Desta forma, o problema de pesquisa que orientou a investigação foi: quais são as características do assédio moral e sexual na instituição pesquisada e como ele influencia os pedidos de remoção? O caráter inovador deste estudo está em sistematizar informações que busquem mensurar os efeitos do assédio moral e sexual na movimentação interna de pessoal,
Classificado entre as formas de violência, o assédio moral e sexual constitui parte do estrato negativo das relações de trabalho e podem ocorrer como um reflexo da omissão da gestão organizacional, por vezes, igualmente violenta, ou que tem mal ou pouco definidos os valores que orientam sua conduta. Trazendo graves prejuízos pessoais e organizacionais, o clima hostil provocado pelo assédio se reflete negativamente na organização pela contaminação do ambiente de trabalho (HIRIGOYEN, 2000
O estudo caracteriza-se como uma investigação descritiva, na forma de levantamento, com amostragem probabilística e tratamento de dados quantitativo (GIL, 2014). O universo de pesquisa foi formado por servidores, lotados em uma IFES na Região Norte do Brasil, sendo composto por técnicos administrativos e docentes. A amostragem foi probabilística aleatória simples, calculada com 90% de margem de segurança e 6% de erro, o que resultou em 251 questionários de pesquisa válidos. O tratamento de dados utilizou técnicas multivariadas na forma da análise fatorial exploratória (AFE) e regressão linear
A AFE captou a presença de quatro fatores que explicaram 66,05% da variância dos dados. Os fatores foram denominados como “Induzir ao erro” (Fator 1); “Desqualificar”; “Isolar e recusar de comunicação”; e “Violência verbal, física e sexual”. A RLM teve como variável dependente a assertiva “Já troquei de departamento por ter sofrido alguma forma de assédio” e como variáveis independentes os valores dos escores fatoriais. O modelo mostrou bom poder explicativo, com r-quadrado ajustado de 20% o que possibilitou constatar que os pedidos de remoção podem, em parte, ser explicados pelo assédio moral
A pesquisa concluiu que todos os fatores identificados no estudo foram capazes de influenciar nos pedidos de remoção. Possibilitando constatar que a violência laboral influencia aumentando a movimentação interna de pessoal, aquela que ocorre a pedido dos servidores. Esse aspecto confirma a associação positiva entre o assédio moral e a necessidade de deixar o departamento, ou a seção, e com isso fugir do agressor. Esses aspectos reforçam a necessidade de ações de combate a violência laboral, como uma estratégia para proporcionar um ambiente de trabalho mais saudável, construtivo e produtivo
FREITAS, M. E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.41, n.2, p.8-19, abr./jun., 2001. MORAIS, T.; MÚRIAS, C.; MAGALHÃES, M. J. Assédio sexual no trabalho: uma reflexão a partir de ordenamentos jurídicos. International journal on working conditions, Portugal, n. 7, jun., 2014. PINA, A.; PAGE, T. E. Moral disengagement as a self-regulatory process in sexual harassment perpetration at work: A preliminary conceptualization. Aggression and Violent Behavior, Reino Unido, v. 21, p. 73-84, mar./abr., 2015.