1 - EMANUELE CANALI FOSSATTI UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO (UPF) - Programa de Pós-graduação em Administração
2 - Anelise Rebelato Mozzato UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO (UPF) - Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGAdm/UPF
3 - Denize Grzybovski UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO (UPF) - PPGAdm/FEAC
Reumo
Aposentadoria e modificações sociais e organizacionais ocorridas a partir do século XIX estão vinculados e deram origem aos critérios de inserção/permanência/afastamento dos indivíduos do trabalho (ANTUNES; SOARES; SILVA, 2015). Suas implicações na vida dos trabalhadores é objeto de investigação devido à complexidade dos fatores subjetivos inerentes (BRESSAN et al., 2012). Contudo, há um número reduzido de estudos que abordam os aspectos psicológicos da aposentadoria e as implicações para a transferência de conhecimentos (PANOZZO; MONTEIRO, 2013), o que evidencia um gap no campo da gestão.
O cenário demográfico brasileiro de envelhecimento populacional amplia os desafios da área de gestão de pessoas no delineamento de políticas que propõe a transferência de conhecimentos entre trabalhadores maduros e jovens. Compreender a relação existente entre aposentadoria e transferência de conhecimentos possibilita a reflexão sobre os espaços de sua ocorrência. A temática justifica-se no campo da gestão de pessoas em razão da aposentadoria representar um momento de transição de trabalhadores que acumularam conhecimentos individuais os quais podem não ter sido transferidos à organização.
A aposentadoria pode gerar modificações na forma como a organização compreende suas políticas e práticas (ANTUNES; SOARES; SILVA, 2015) e como percebe a apropriação institucional dos conhecimentos individuais produzidos pelo trabalhador na realização de suas atividades laborais. Conhecimento é formado por elementos explícitos e tácitos e uma das formas para criação de novos conhecimentos é convertendo-os de um para o outro numa espiral (NONAKA; TAKEUCHI, 2003). Esse processo de conversão depende do BA, um contexto compartilhado e dinâmico no qual o conhecimento é utilizado.
É uma pesquisa exploratória, com corte transversal e abordagem qualitativa. O espaço da pesquisa é o centro administrativo de uma instituição de ensino superior brasileira. Os 32 sujeitos da pesquisa foram classificados em: a) trabalhadores maduros do corpo técnico-administrativo; b) gestores do centro administrativo; e, c) trabalhadores jovens de cada setor do referido centro. Fontes de evidência: entrevista semiestruturada, grupo focal e observação não participante. Os dados coletados foram transcritos, organizados e analisados pela análise de conteúdo, com o auxílio do software NVivo11.
Os espaços para a TC estão relacionados aos aspectos subjetivos dos trabalhadores e aos incentivos organizacionais. Apesar de os trabalhadores reconhecerem a importância da TC e de ocorrerem ações promovidas pela área de RH, ela não é institucionalizada, o que pode gerar consequências para a própria organização e para as pessoas que dela fazem parte. A falta de incentivos organizacionais somada aos aspectos subjetivos dos trabalhadores resulta na dificuldade de compartilhamento de conhecimentos individuais no nível organizacional na IES estudada.
A TC entre trabalhadores maduros e jovens pode ocorrer em espaços/momentos formais e informais, ou seja, em diferentes tipos de BA. Constata-se que a TC ocorre em todos os BA, de acordo com a natureza do conhecimento a ser transferido. Ressalta-se a interferência de questões culturais no processo da TC, visto que não se pode negar que na IES pesquisada a estrutura organizacional é hierarquizada, não expressando ser totalmente favorável ao processo de TC. Espera-se que este estudo possa servir de incentivo para pesquisas futuras relacionadas à temática proposta.
ANTUNES, M. H.; SOARES, D. H. P.; SILVA, N. Orientação para aposentadoria nas organizações: histórico, gestão de pessoas e indicadores para uma possível associação com a gestão do conhecimento. Perspectivas em Gestão & Conhecimento, v. 5, n. 1, p. 43-63, 2015.
LORETO, M. D. D. S. Trabalho versus aposentadoria: desvendando sentidos e significados. Revista Brasileira de Economia Doméstica, v. 23, n. 1, p. 226-250, 2012.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 2003.