Resumo

A diversidade geracional surge no ambiente de trabalho como um desafio crescente para gestores e pesquisadores (Kupperschmidt, 2000), se tornando um fenômeno organizacional (Joshi et al., 2010). Diferentes pesquisas foram realizadas comparando as diferenças geracionais no ambiente de trabalho, porém faltam pesquisas que relacionem a geração mais antiga no mercado de trabalho, a dos Baby Boomers, e a que está iniciando, a Geração Z.

O problema de pesquisa se constitui na seguinte questão: Quais os tipos de efeitos oriundos do contato intergeracional entre as gerações mais velha e mais nova no ambiente de trabalho corrente? O objetivo de pesquisa é o de compreender as experiências provenientes do relacionamento existente no ambiente de trabalho entre as gerações Baby Boomer e Z.

Abordar a interação entre gerações traz inúmeras implicações no ambiente de trabalho e desafios sobre como abordá-los ou geri-los; compreender a multiplicidade geracional como um fenômeno é estimular que seja encarada como um dado existente e importante, compreender suas diferentes manifestações e consequências, contribuir para criar consciência da necessidade de sua gestão, tornando-se um desafio (Lyons & Kuron, 2014). Existe uma mudança demográfica significativa no local de trabalho: a tendência de que até quatro gerações trabalhem lado a lado em uma mesma organização (Lyons et al., 2015).

Os dados foram coletados por meio de entrevistas individuais, realizadas no próprio local de trabalho. Foi elaborado um roteiro semiestruturado, que propunha compreender a experiência do entrevistado (pertencente a uma geração mais velha ou mais nova) com uma outra geração. Pedia-se para que o participante fizesse um relato da sua experiência em trabalhar com a geração diferente da sua; para complementar os dados, foram feitas mais perguntas provocativas. Para tratamento dos dados coletados, usou-se a abordagem de análise e interpretação de dados qualitativos propostos por Creswell (2012).

Os dados das entrevistas foram codificados, tematizados e categorizados em três grandes camadas. A codificação das entrevistas trouxe à tona subcategorias, que foram agrupadas em cinco temas a partir da literatura sobre relações intergeracionais no ambiente de trabalho (consequentes positivos, consequentes negativos, valores do trabalho, atitudes de trabalho e padrões de carreira). Os temas foram inter-relacionados para surgirem tanto como implicações para o ambiente organizacional, quanto para indivíduos e grupos.

O relacionamento intergeracional entre as gerações mais velha e mais nova no ambiente de trabalho indicou que os participantes percebem os resultados ou efeitos de tal relacionamento em cinco grandes temas, que são consequentes positivos, consequentes negativos, valores do trabalho, atitudes de trabalho e padrões de carreira. A partir de tais resultados, propôs-se implicações práticas para organizações, grupos e indivíduos enquanto categoria ampla dos resultados.

Joshi, A. et al. (2010). Unpacking generational identities in organizations. Academy of Management Review. Kupperschmidt, B. R. (2000). Multigenerational employees: strategies for effective management. The Health Care Manager. Lyons, S. T., & Kuron, L. (2014). Generational differences in the workplace: a review of the evidence and directions for future research. Journal of Organizational Behavior. Lyons, S. et al. (2015). How have careers changed?: an investigation of changing career patterns across four generations. Journal of Managerial Psychology.