Resumo

Os efeitos do treinamento, desenvolvimento e educação (TD&E) na produtividade dos trabalhadores e, por conseguinte, no desempenho das organizações ainda são controversos na literatura científica. Entretandto, Mourão et al. (2012) colocam em perspectiva a influência das crenças como elementos que podem potencializar ou mesmo prejudicar os resultados dos treinamentos e demais ações de capacitação. Desta forma, como as crenças exprimem algo que é dado como certo ou verdadeiro pelos indivíduos, elas constituem “[...] estruturas básicas sobre as quais as atitudes se fundamentam” (p.279).

Sustentado nessa perspectiva, este estudo tem por objetivo analisar as crenças sobre treinamento em uma empresa de telecomumicações de atuação nacional, com filial na cidade de Belém-Pa e, com isso, reunir elementos que suportem e aprimorem as políticas de TD&E no local da pesquisa. Nessa circunstância, o estudo se concentrou em responder ao questionamento: quais são as crenças sobre as práticas de TD&E e o que precisa ser melhorado na pesrpectiva dos trabalhadores de uma empresa de telecomunicações com filial na cidade de Belém-Pa?

A evolução tecnológica colocou o TD&E entre os eixos principais das estratégias organizacionais. Assim, compreender as crenças no ambiente organizacional é um pressuposto para entender a lógica que orienta as ações dos indivíduos em uma perspectiva subjetiva de sistemas coletivos que orientam as motivações pessoais e que interferem em processos coletivos, pois crenças conferem aceitação estável e significativa para a realidade, passando a orientar o comportamento. Demo, Fogaça e Costa (2017) destacam que pesquisas sobre TD&E têm ganhado evidência nos últimos anos.

Para analisar as crenças sobre TD&E, foi feita uma survey de caráter descritivo e amostragem probabilística aleatória simples. A população foi formada por trabalhadores, em regime da Consolidação das Leis Trabalhistas, de uma companhia de telefonia móvel, com filial na cidade de Belém do Pará. O instrumento de pesquisa foi o questionário, identificado como Escala de Crenças sobre Sistemas de Treinamento Desenvolvimento e Educação (MOURÃO et al., 2012) e o tratamento de dados combinou técnicas estatísticas entre elas a análise fatorial e a análise de agrupamentos.

A análise fatorial possibilitou identificar se os fatores de Freitas e Borges-Andrade (2004) se repetiriam neste estudo, o que foi confirmado. Assim, foram extraídos três fatores, que explicaram 66,57% da variância dos dados. A análise de agrupamentos formou três grupos, diferenciados pela crença quanto as contribuições dos treinamentos (F=73,92; p-valor < 0,01). As características dos grupos variaram, mas de maneira geral eles foram receptivos as ações de TD&E, entretanto 11,5% dos entrevistados são descrentes que a organização consiga diagnosticar as necessidades de treinamentos

A ECST mostrou ser uma escala com dimensões estáveis. As correlações significativas de moderada intensidade, revelaram que os fatores medem o mesmo construto. Assim, como as crenças são construídas na perspectiva pessoal e coletiva, uma parcela dos trabalhadores (11,5%) com crenças muito negativas representa uma ameaça aos planos de TD&E e, assim, recomenda-se o aprofundamento com pesquisas futuras, dirigidas a esse grupo. Os resultados mostram os treinamentos como uma estratégia exitosa de gestão de pessoas, uma vez que os entrevistados são receptivos a essa estratégia.

MOURÃO, L. et al. Medidas de percepção sobre sistemas de TD&E. In: ABBAD, G. S. et al. Medidas de avaliação em treinamento, desenvolvimento e educação: ferramentas para gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2012. FREITAS, I. A.; BORGES-ANDRADE, J.E. Construção e validação de escala de crenças sobre o sistema treinamento. Estudos de Pssicologia, Natal, v. 9, n.3, p. 479-488, set./dez. 2004. MAJEED, A. SHAKEEL, S. Importance of training and development in the workplace. International Journal of Scientific & Engineering Research, v. 8, n. 1, p. 498-504, apr. 2017.