Resumo

Tradicionalmente, os estudos acadêmicos em Operações colocam maior ênfase no entendimento macro das relações de colaboração na rede de suprimentos. Em contrapartida, a análise micro das relações, que é a compreensão do papel do indivíduo no contexto da rede de suprimentos, tem recebido moderada atenção da comunidade acadêmica neste campo. Para suprir essa lacuna, o Behavioral Operation Management enfoca o comportamento humano na rede de suprimentos. Já que os relacionamentos ocorrem entre pessoas, o desempenho da organização em redes de suprimentos são influenciados pelos recursos humanos.

Considerando que pessoas são um dos recursos dos processos e podem qualificar para mais, ou para menos, o nível de responsividade ou de eficiência da organização em uma rede de suprimentos colaborativa (MENTZER; DEWITTY, 2001), este estudo propõe-se a responder empiricamente a questão: Os traços da personalidade e a cultura organizacional são antecedentes comportamentais da colaboração na rede de suprimentos?

Aborda-se o conceito do Behavioral Operational Management (BOM) e a sua relevância no contexto da área de Operações. Em seguida, são apresentados os construtos colaboração na rede de suprimentos, cultura organizacional e traços da personalidade.

Foi realizado um levantamento (survey) em que as unidades de análise da pesquisa foram os relacionamentos na rede de suprimentos e as unidades de observação foram os gestores de processos da área de vendas. Os instrumentos utilizados foram questionários validados e difundidos na literatura. A coleta de dados ocorreu pelo SurveyMonkey® e a SEM foi a técnica estatística escolhida por tratar uma relação de dependência entre as variáveis.

A análise dos resultados seguiu a orientação de Hair et al. (2009). A análise de observações atípicas e normalidade foram feitas a partir do SPSS. O cálculo do modelo foi no SmartPLS 3.2.7. Após a avaliação do modelo de mensuração reflexivo, fez-se a avaliação do modelo de mensuração formativo de segunda ordem. Confirmadas a confiabilidade e validade das operacionalizações dos construtos, o passo seguinte foi a avaliação dos resultados do modelo estrutural.

A partir da análise dos gestores de vendas de diversos setores econômicos e portes organizacionais, o estudo mostrou que os traços da personalidade analisados individualmente aparentemente não influenciam a propensão à colaboração na rede de suprimentos. Porém, obteve-se evidência do efeito da cultura organizacional (na dimensão prática) na colaboração da rede de suprimentos. Esses resultados contribuem para o campo de estudos da gestão comportamental das operações.

HOFSTEDE, G. et al. Measuring Organizational Cultures ; A Quali- tative and Quantitative Study across Twenty Cases Geert Hofstede Bram Neuijen Denise Davat Ohayv Geert Sanders. Science, v. 35, n. 2, p. 286–316, 1990. JOHN, O. P.; SRIVASTAVA, S. The Big-Five trait taxonomy: History, measurement, and theoretical perspectives. In: PERVIN, L. A.; JOHN, O. P. (Eds.). . Handbook of personality: Theory and research. New York: Guilford Press, 1999. p. 102–138. LAMBERT, D. M.; ENZ, M. G. Issues in Supply Chain Management. Industrial Marketing Management, n. 29, p. 65–83, 2016.