Resumo

Em ambiente de clusters de negócios, as organizações podem encontrar condições favoráveis para o seu estabelecimento, evolução, inovação, implantação de estratégias para obtenção de resultados baseadas em organização e coordenação, a partir de um processo ou exercício de influência orientada para a competitividade da aglomeração, entendido como governança. Porém, a competitividade de um cluster pode ser afetada por mecanismos formais e informais de governança que, agindo sobre o cluster, procura manter a sua vitalidade, competitividade e o resultado agregado.

Embora haja estudos que abordem governança e competitividade, verifica-se uma escassez de estudos que explorem a associação e/ou relação de dependência entre os tipos de governança e competitividade de clusters de negócios. Assim, questiona-se se é possível estabelecer e avaliar o impacto dos diferentes mecanismos de governança e a competitividade de clusters de negócios e, por esta razão, objetiva-se explorar a presença de associações significantes entre competitividade de clusters e tipos de governança exercidos nessas aglomerações.

Dentre as diversas correntes teóricas sobre os clusters, algumas destacam características semelhantes como a concentração geográfica das empresas, a similaridade e complementaridade das atividades e a existência de cooperação e de competição entre elas. Os estudos e a prática mostram que eles são capazes de gerar benefícios para os negócios e para a economia em geral. A proximidade física dinamiza a interação dos atores favorecendo a colaboração e as trocas, favorecem um ambiente de empreendedorismo e inovação podendo surgir novas ideias e negócios.

Este estudo segue uma abordagem quantitativa com etapas descritiva e exploratória, fazendo uso da estatística descritiva e de técnicas multivariadas (análise de correlação, fatorial e regressão linear) que permitem evidenciar as conexões, semelhanças e diferenças entre as variáveis analisadas de forma robusta. Na etapa descritiva, foram caracterizados os clusters quanto aos mecanismos de governança. As etapas seguintes, de caráter exploratório, buscaram-se identificar os componentes que têm influência significativa e sua intensidade no fenômeno estudado.

Os resultados descritivos apurados para as variáveis da governança sugerem a presença de sinais importantes de mecanismos formais e informais nos clusters estudados. A análise fatorial agrupou variáveis da governança em três fatores que distinguem aspectos formais e informais, enquanto para desempenho foram encontrados dois fatores destacando aspectos quantitativos e qualitativos. As equações de regressão apresentaram grau de ajuste aceitável para os propósitos deste estudo e sugerem existir associações significantes entre a governança formal e informal com a competitividade dos clusters.

Os achados desse estudo oferecem indicações robustas da presença de governança nos clusters avaliados e indicações de uma associação positiva entre as três categorias sociais adotadas como mecanismos relacionados à governança informal (confiança, cooperação e comprometimento) e os dois mecanismos fundamentais associados à governança formal (contratos e normas formais) com o desempenho, enquanto proxy da competitividade dos clusters. Em suma, a governança apresentou associações positivas significantes com a competitividade, denotando alcance do objetivo da investigação.

CARPINETTI, L.; CARDOZA GALDÁMEZ, E.; GEROLAMO, M. A measurement system for managing performance of industrial clusters: A conceptual model and research cases. International Journal of Productivity and Performance Management, v. 57, n. 5, p. 405-419, 2008. WEGNER, D.; KOETZ, C. The influence of network governance mechanisms on the performance of small firms. Int. J. Entrepreneurship and Small Business, v. 27, n. 4, 2016. ZACCARELLI, S.; TELLES, R.; SIQUEIRA, J.; BOAVENTURA, J.; DONAIRE, D. Clusters e Redes de Negócios: uma nova visão para a gestão dos negócios. São Paulo: Atlas, 2008.