Resumo

Título do Artigo

PRECISAMOS FALAR SOBRE CONSUMOS VULNERÁVEIS NA ESCOLHA DO PARTO E NO PROCESSO DE PARTURIÇÃO
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Palavras Chave

Vulnerabilidade do consumidor
Parto
Medicalização

Área

Marketing

Tema

Consumo e Materialismo

Autores

Nome
1 - Diana Lúcia Teixeira de Carvalho
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - CCSA/DA
2 - Clara Amorim Pontes Correia Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Milene Felix de Almeida
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - DCSA
4 - Vanessa Nóbrega Queiroz Barreto
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Campus I

Reumo

O Brasil é um dos países que mais realiza partos cesáreos de forma eletiva, especialmente por mulheres assistidas por planos de saúde, que na maioria das vezes desconhecem os riscos associados a este tipo de parto e suas reais indicações, os quais podem causar graves complicações sem que haja indicação. Desse modo, as mulheres, durante a gravidez, e em especial em relação ao tipo de parto que irão vivenciar, podem estar suscetíveis a experiências de consumos vulneráveis, posto que, independentemente do tipo escolhido, o parto solicita cuidados que culminam em consumos para a sua realização.
As mulheres grávidas, enquanto consumidoras de serviços de saúde, particularmente no privado, estão propensas a experimentarem episódios de vulnerabilidade durante a escolha do tipo de parto e processo de parturição. Diante desta problemática, o objetivo desta pesquisa consistiu em identificar se a escolha de mulheres sobre o tipo de parto e o processo de parturição em si apresentam elementos de vulnerabilidade do consumidor.
A gestação é um processo transitório com grande demanda psicológica e física, capaz de abalar as relações de consumo das futuras mães. Tal processo pode favorecer experiências de vulnerabilidade na escolha sobre o tipo de parto e durante o processo de parturição, posto que o parto se tornou um evento medicalizado. Assim, há pouco incentivo ao parto vaginal, ou mesmo um desaconselhamento para sua escolha, de modo que a mudança de tal realidade requer uma postura mais ativa da gestante, em que a ela busque conhecimento para possam defender sua escolha, minimizando consumos vulneráveis.
Diante do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa descritiva e de caráter qualitativo com mulheres grávidas, por meio de entrevistas e observação participante. A entrevista foi aplicada em duas etapas: (1)16 mulheres foram entrevistadas com auxílio de um roteiro semiestruturado, sendo 12 gestantes e 4 puérperas; (2)Das 12 gestantes, 9 também participaram em um segundo momento relatando a experiência do parto. Complementarmente, foi realizada observação participante em um grupo de discussão sobre maternidade ativa (presencial e virtual) composto por mulheres,profissionais de saúde,doulas.
As gestantes entrevistadas são influenciadas pelas experiências vivenciadas por mulheres próximas a ela, as quais, quando baseadas em Violência Obstétrica, atuam como pressão antecedente a consumos vulneráveis; quando têm apoio familiar e médico, as mulheres se sentem mais seguras com a escolha pelo parto vaginal. A opinião médica se torna mais importante à medida que o parto se aproxima, o que proporciona consumos vulneráveis, posto que a maioria das entrevistaram apresentaram postura pouco ativa em relação ao parto. Assim, as respostas às vulnerabilidades sofridas se configuram como passivas
Diante da atuação passiva das gestantes e puérperas pesquisadas, entendemos ser necessária uma mudança capaz de alterar a estrutura do sistema de marketing de saúde em relação ao parto, minimizando experiências de consumos vulneráveis. Grupos de interesse social são importantes para promover discussões e disseminações de conhecimentos que podem influenciar positivamente na escolha consciente a respeito do tipo de parto, seja ele cesáreo ou vaginal, o que promove diminuição de possíveis situações de vulnerabilidade causadas por forças macro.
BAKER, S. M.; GENTRY, J. W.; RITTENBURG, T. L. Building understanding of the domain of consumer vulnerability. Journal of Macromarketing, v. 25, n. 2, p. 128-139, 2005. DOMINGUES, R. M. S. M. et al. Processo de decisão pelo tipo de parto no Brasil: da preferência inicial das mulheres à via de parto final. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, p. S101-S116, 2014. MCKEAGE, K.; CROSBY, E.; RITTENBURG, T. Living in a Gender-Binary World: Implications for a Revised Model of Consumer Vulnerability. Journal of Macromarketing, v. 38, n.1, p. 73-90, 2018.