Resumo

No contexto das organizações, o empreendedorismo é considerado um meio para a revitalização, capaz de promover a inovação e o conhecimento que permitem estabelecer posições de mercado duradouras e lucrativas (Kuratko, Hornsby & Hayton, 2015). O Empreendedorismo Corporativo Estratégico [ECE] é composto pelos elementos: visão estratégica empreendedora, arquitetura organizacional pró-empreendedorismo e os processos e comportamentos empreendedores (Ireland, Covin & Kuratko, 2009).

Considerando a importância da aprendizagem e o papel da média gerência para o empreendedorismo corporativo estratégico, emerge a seguinte questão de pesquisa: como as práticas de aprendizagem desenvolvidas pela média gerência podem contribuir para a arquitetura organizacional pró-empreendedorismo? O objetivo deste estudo é investigar a contribuição das práticas de aprendizagem da média gerência para a arquitetura organizacional pró-empreendedorismo.

A arquitetura organizacional pró-empreendedorismo representa um dos elementos do ECE, e corresponde ao contexto no qual a visão estratégica empreendedora é transformada em comportamentos e processos empreendedores (Ireland et al., 2009). Ainda de acordo com Ireland et al. (2009), é o ambiente interno caracterizado por quatro aspectos que são: (a) estrutura, (b) cultura, (c) recursos e (d) sistemas de recompensas. A eficácia na implementação do ECE depende de outro fator crítico, a aprendizagem (Ireland et al., 2001).

O estudo desenvolvido classifica-se como descritivo e a forma de abordagem do problema foi a qualitativa. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas guiadas pelo roteiro de entrevista, elaborado com suporte nas categorias previamente definidas para a aprendizagem organizacional e arquitetura organizacional pró-empreendedorismo. Foram entrevistados 21 gestores de nove empresas brasileiras desenvolvedoras de software. A análise dos dados ocorreu em duas etapas - análise descritiva e codificação analítica – com o auxílio do software Atlas/TI.

Pode-se perceber que seis práticas de aprendizagem se manifestaram de maneira mais prevalecente, sendo que três práticas demonstraram maior aderência aos conceitos relacionados a arquitetura organizacional, que são a aprendizagem pela integração de novas ideias ao grupo, postura do gestor facilitador da aprendizagem e aprendizagem pela exploration. Essas práticas contribuem de forma mais relevante com os aspectos relacionados à arquitetura organizacional pró-empreendedorismo, que incluem a estrutura, cultura, sistemas de recompensas e recursos.

Os resultados demonstram a existência de práticas que se manifestam por meio de mecanismos que permitem o compartilhamento dos conhecimentos e a interação entre os gestores e suas equipes, no sentido de motivar os membros a buscarem novos aprendizados, com a existência de diálogos constantes. Além disso, observou-se também práticas que enfatizam a busca pelos conhecimentos fora dos limites das organizações, impulsionando para que sejam adquiridos novos conhecimentos de forma a possibilitar que as mesmas possam desenvolver novos produtos, serviços ou projetos.

Ireland, R. D., Hitt, M. A., Camp, S. M., & Sexton, D. L. (2001). Integrating entrepreneurship and strategic management actions to create firm wealth. Academy of Management Executive, 15(1), 49-63. Ireland, R. D., Covin, J. G., & Kuratko, D. F. (2009). Conceptualizing corporate entrepreneurship strategy. Entrepreneurship: Theory and Practice, 33(1), 19-46. Kuratko, D. F.; Hornsby, J. S.; Hayton, J. (2015). Corporate entrepreneurship: the innovative challenge for a new global economic reality. Small Business Economics, 45(2), 255-278.