Resumo

Resumidamente tem-se que os estudos passaram por diferentes dimensões: intrapessoal, interpessoal, organizacional, ambiental, interacional e, até o momento, não houve, entre os pesquisadores da área, um consenso de um único conceito ou sobre quais são os principais modelos ou estilos de liderança (DELFINO et al., 2010). Com isso, abre-se uma oportunidade para a proposição de uma modelo teórico que auxiliasse na classificação dos conceitos teóricos e dos estilos de liderança, possibilitando uma padronização e comparação entre pesquisas, teorias e estilos.

Percebe-se, então, que devido a essa falta de consenso sobre o que vem a ser liderança, demonstrando a importância de se conhecer quais conceitos e temáticas estão sendo mais difundidas no meio acadêmico contemporaneamente. Essa pesquisa teve, com isso, como principal objetivo compreender como se estruturam e sobre quais bases teóricas se fundamentam as pesquisas acadêmicas sobre o tema liderança no Brasil, buscando, com isso, categorizar tais estudos, estruturando uma agenda de pesquisa que possibilite, aos pesquisadores, um roteiro didático e que aponte as principais tendências de estudos.

A liderança constitui um conceito de difícil definição, sendo que o grande número de teorias apresentadas por diversos autores comprova isto (SOBRAL, 2008). Para isso é importante analisar o percurso teórico sobre o tema da liderança. Cita-se, para isso, algumas delas em um percurso cronológico: Teoria do Grande Homem, Teoria dos Traços, Teoria Comportamental, Teoria das Trocas, Teoria das Contingências, Teoria Caminho-Objetivo, Teoria Situacional, Teoria dos Líderes e Liderados, Modelo de Participação e Liderança e as Teorias Neocarismáticas (ROBBINS, 2002).

Foi realizada uma pesquisa qualitativa por meio da Revisão Narrativa (ELIAS et. al., 2012), primeiramente em livros de autores conceituados e, em um segundo momento, na base de dados da ANPAD – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Inicialmente foi proposto um modelo de classificação de 16 estilos de liderança como fruto do cruzamento de duas variáveis (Poder: autocrata, democrata, abdicrata e autocrata x Relação: intrapessoal, interpessoal, organizacional e ambiental). Dos 176 artigos encontrados, 20 atenderam aos critérios.

Na pesquisa observa-se que os estilos de liderança que mais se destacaram foram: o transformacional, transacional, laissez-faire, democrático e autocrático. Assim, utilizando do modelo teórico proposto, observou-se que, na dimensão do poder, tem-se mais publicações investigadas no estilo democrata (10), seguido pelo abdicrata (6), autocrata (4) e tecnocrata (2). Já na dimensão das relações, prevaleceram as dimensões: interpessoal (10), seguida pela intrapessoal (7), ambiental (5) e organizacional (1), revelando a força, ainda, dos estudos comportamentais (intra e inter) nas pesquisas.

Como resultado foi proposto um modelo de categorização baseando-se no cruzamento de duas variáveis: Poder (autocrata, democrata, abdicrata e tecnocrata) versus Relações (intrapessoal, interpessoal, organizacional e ambiental) que culminou na estruturação de 16 estilos. A pesquisa revelou que que os estilos que mais se destacaram foram: o transformacional, transacional, laissez-faire, democrático e autocrático. O cruzamento do poder versus relações, obteve-se que o tipo de poder democrata se destaca, juntamente com a relação do tipo interpessoal que resulta, também, no estilo transformacional.

BARNARD, C. The functions of the executive. Cambridge: Harvard University Press, 1938. LIMONGI-GRANÇA, A. C.; ARRELANO, E. B. Liderança, poder e comportamento organizacional. In: FLEURY, Maria Tereza Leme (Org.). As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. HERSEY, Paul ; BLANCHARD, Kenneth H. Psicologia para administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. São Paulo: EPU, 1986. HITT, M. A., IRELAND, R. D., HOSKISSON, R. E. Strategic management: competitiveness and globalization. 4. ed. Cincinnati : South-Western College Publishing Company, 2001.