Resumo

A literatura aponta que o sucesso dos projetos também é influenciado negativamente pelo estresse (Smith, Bruyns & Evans, 2011). Os efeitos negativos que o ambiente de trabalho em projetos pode causar já foram alvo de alguns estudos encontrados na literatura (Nordqvist et al., 2004; Sedström, 2007; Yip & Rowlinson, 2009; Smith et al., 2011). No entanto, Jugdev, Mathur e Cook (2018) ressaltam que ainda existe um vasto campo de estudo na interseção da gestão de projetos com as teorias relacionadas ao burnout e ao engajamento no trabalho.

Existe uma lacuna de conhecimento entre os acadêmicos de gerenciamento de projetos, por um lado, e os estudiosos do comportamento organizacional, por outro (Chiocchio & Hobbs, 2014). Assim, este ensaio teórico se propõe a contribuir para o avanço dessa interseção, entre a gestão de projetos e o engajamento no trabalho, a fim de propor uma alternativa para o engajamento de equipes de projeto por meio de um modelo de gestão visual de projetos, o Life Cycle Canvas® (LCC), em conjunto com a Job Demands-Resources Theory (JD-R Theory).

Na gestão visual de projetos os recursos visuais são guiados pelo objetivo de tornar fáceis e acessíveis as orientações, os procedimentos e a comparação do desempenho real com o planejado (Araújo, 2012). Um dos benefícios da visualização de informações é que elas podem ser inspiradoras e cativantes (Eppler & Platts, 2009), além de contribuir para organização do espaço de trabalho e para eliminação de déficits de informação (Galsworth, 2005). No âmbito da JD-R, os recursos do trabalho iniciam um processo motivacional que podem levar a um alto nível de desempenho (Bakker & Demerouti, 2013; 2017)

No tocante ao modelo LCC em específico, promove benefícios como melhor o controle e direcionamento sobre aspectos gerais ao longo do projeto, o engajamento das partes interessadas, facilita a gestão do ciclo de vida do projeto, facilita o planejamento de projetos, torna visível e transparente as informações, estimula a comunicação entre os envolvidos e a coordenação do trabalho (Veras, 2016). Nesse aspecto, tem-se que a adoção de um modelo de gestão visual pode promover recursos pessoais e do trabalho que atenda as demandas de trabalho do ambiente estressante da gestão de projetos.

Este estudo limitou-se a propor uma estrutura teórica, mas seria preciso uma ou mais pesquisas empíricas que valide as relações propostas. Ressalta-se também que as proposições teóricas sugeriram o uso de um modelo específico de gestão visual, o LCC, pois foi o único identificado que tem como proposta a gestão completa do ciclo de vida. Portanto, teria como captar melhor o efeito da influência de um modelo visual sobre o engajamento de equipes durante todas as fases de um projeto. Entretanto, sugere-se a realização de pesquisas empíricas com esse e outros modelos de gestão visual.

Bakker, A. B., & Demerouti, E. (2013). La teoría de las demandas y los recursos laborales. Revista de Psicología del Trabajo y de las Organizaciones, 29(3), 107-115. Bakker, A. B., & Demerouti, E. (2017). Job demands–resources theory: Taking stock and looking forward. Journal of Occupational Health Psychology, 22(3), 273. Chiocchio, F., & Hobbs, B. (2014). The difficult but necessary task of developing a specific project team research agenda. Project Management Journal, 45(6), 7-16. Veras, M. (2016). Gestão Dinâmica de Projetos: Life Cycle Canvas®. Rio de Janeiro: Brasport.