Resumo

Bell et al. (2017) indicam que condições de trabalho afetam a efetividade do treinamento, dentre elas o suporte dos gestores e dos pares. Éboli (2010) aponta líderes como pontos cruciais para o sistema de educação corporativa. Neste contexto, estudos da literatura demonstraram a influência do suporte do gestor na transferência do treinamento (Martins, Zerbini & Medina, 2018; Reinhold, Gegenfurtner & Lewalter, 2018), o que contribui para melhorias do desempenho no trabalho e alcance dos objetivos organizacionais.

Dada a relevância do papel do gestor no sistema de educação corporativa com vistas ao desenvolvimento do subordinado alinhado aos objetivos organizacionais, e a limitação da abrangência das escalas existentes na literatura, este artigo tem como objetivo apresentar a construção e busca de evidências de validade de uma escala desenvolvida para mensurar a percepção que subordinados possuem quanto aos comportamentos de apoio ao seu desenvolvimento profissional pelo seu gestor imediato.

Reinhold, Gegenfurtner e Lewalter (2018) encontraram que o apoio do supervisor, associado ao apoio dos pares, as sanções do supervisor e o feedback/coaching influenciam a transferência de treinamento indiretamente por meio da motivação para a transferência de treinamento apresentada pelos empregados que participaram de treinamento. Martins, Zerbini e Medina (2018) encontraram que todos os tipos de apoio (suporte dos supervisores, pares e material) contribuíram significativamente para a explicação de impacto do treinamento no trabalho em amplitude.

A pesquisa foi descritiva com abordagem mista, realizada em duas etapas: (1) utilizou-se pesquisa da bibliografia para proposta da escala, a qual passou por processo de validação de conteúdo e semântica; (ii) ocorreu a busca de evidências de validade estatística, em que a escala foi disponibilizada em questionário eletrônico, obtendo amostra de 890 empregados públicos, a qual foi dividida aleatoriamente e de forma independente para realização de análise fatorial exploratória e confirmatória. Foram identificadas a consistência interna e a validade convergente da escala.

Na AFE teve-se KMO de 0,962, melhores resultados para escala unifatorial com variância explicada de 72,78%, alfa de cronbach de 0,962 e cargas fatoriais acima de 0,74. Com a AFC também foram obtidos índices de ajustamento bons e aceitáveis, cargas fatoriais acima de 0,8 e consistência interna pela fiabilidade compositória (0,9745) e validade convergente (VEM = 0,7802). Os resultados apresentem bons índices de validade, conforme referências da literatura, além de possuir melhores índices e abrangência da escala do que de existentes na produção da área.

Foi possível apresentar evidências de validade estatística por meio de AFE e AFC, com bons índices de qualidade da medida (cargas fatoriais, consistência interna, variância explicada e índices de ajustamento do modelo), além de apresentar evidências de validade convergente, indicando que os itens que compõem a escala realmente mensuram o construto em questão. Pode-se dizer que a escala possui qualidade e possibilidade de replicação para outras pesquisas.

Bell, et al. (2017). 100 Years of Training and Development Research: What We Know and Where We Should Go. Journal of Applied Psychology. Martins, L.B., Zerbini, T., & Medina, F.J. (2018). Estrutura Fatorial e Propriedades Psicométricas da Escala de Suporte à Transferência de Treinamento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 34. Reinhold, S., Gegenfurtner, A., & Lewalter, D. (2018). Social support and motivantion to transfer: testing full and partial mediation using meta-analytic structural equation modelling. International Journal of Training and Development, 22(1), 1-14.