Resumo

Um grande desafio do mundo corporativo é encontrar alternativas que equilibrem os interesses das organizações sem sobrepô-los aos direitos individuais de cada empregado (Silva, Castro & Santos, 2018). Nesse contexto de exigências por lucros e resultados cada vez melhores, situam-se os bancários, categoria fortemente atingida pelas práticas de assédio moral segundo Marques e Giongo (2016), bem como os dados fornecidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro - CONTRAF (2015), que, inclusive, destacam o adoecimento dos bancários como um tema prioritário.

Em virtude dos diversos impactos negativos que a prática do assédio moral no trabalho gera para os agredidos (Pooli & Monteiro, 2018; Almeida et al., 2018), bem como a alta incidência de tais práticas em instituições bancárias (CONTRAF, 2015; Marques & Giongo, 2016), surge a necessidade de estudos que venham a contribuir com o mapeamento da ocorrência desse fenômeno nas referidas instituições. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi analisar os impactos afetivos, provocados pela prática de assédio moral, sofridos pelos bancários de instituição privadas e públicas de João Pessoa.

Estudo de Cerqueira (2012) evidenciou a existência generalizada do assédio moral na modalidade organizacional nos bancos. O estudo de Cerqueira (2012) analisou como os sindicatos da categoria enfrentam o problema em busca das negociações coletivas de resolução. Posteriormente, Cerqueira (2015), baseado no seu estudo anterior, publicou outro material, aprofundando os debates sobre o fenômeno estudado, denunciando todo o absurdo vivido pelos funcionários das instituições bancárias e ressaltando a urgente necessidade de mudanças na defesa da saúde destes.

Pesquisa de natureza descritiva, utilizou como método o estudo de caso, de abordagem quantitativa, aplicada a uma amostra aleatória simples de 156 bancários, por meio de questionário sociodemográfico e da Escala de Impacto Afetivo de Assédio Moral no Trabalho, validada por Martins e Ferraz (2014). Os dados foram analisados por meio do software SPSS e dos testes estatísticos de Qui-quadrado para diferenciação de categorias e associação entre variáveis.

Quanto aos resultados, a maioria dos bancários revelou sofrer pouco impacto afetivo em razão dos atos de assédio moral praticados nos bancos. Entretanto, mesmo com este resultado, foi possível identificar que certas situações foram apontadas com certo nível de impacto afetivo pelos profissionais investigados, entre elas a principal foi a atitude do chefe de pôr em dúvida a responsabilidade ou a capacidade profissional do colaborador perante a equipe de trabalho. Por fim, outro resultado interessante foi a indicação de que os homens ignoram mais o sentimento de humilhação que as mulheres.

Quanto ao objetivo de verificar a relação entre os impactos afetivos, provocados por assédio moral, e os aspectos sociodemográficos dos sujeitos da pesquisa, apenas uma variável se destacou nesse sentido, revelando-se fortemente relacionada aos vários tipos de impactos afetivos possíveis, sendo esta variável o tipo de banco onde o bancário atua, se público ou privado. A partir desses resultados e considerações, sugere-se como agenda de pesquisa, o estudo da percepção dos atos violentos em relação às testemunhas e aos colegas de trabalho.

Cerqueira, VS. (2012). Assédio moral organizacional nos bancos (Dissertação de Mestrado). Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. Doi: 10.11606/D.2.2012.tde-12042013-163333 Cerqueira, VS. (2015). Assédio moral organizacional nos bancos. São Paulo: LTr. Martins, MCF., & Ferraz, AMS. (2014). Assédio moral nas organizações. In MMM. Siqueira (Org.). Novas Medidas do Comportamento Organizacional: ferramentas de diagnóstico e de gestão. Porto Alegre: Artmed. Silva, LP., Castro, MAR., & Santos, MG. (2018). Influência da Cultura Organizacional Mediada pelo Assédio Moral