Resumo

Título do Artigo

O lado sombrio da atividade política corporativa: As relações entre padrinhos e caciques
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Palavras Chave

Atividade política corporativa
Corrupção
Crime Organizacional

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens e Teorias organizacionais Contemporâneas

Autores

Nome
1 - Caio César Coelho Rodrigues
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - EAESP
2 - Amon Barros
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO (FGV-EAESP) - EAESP

Reumo

Uma das estratégias de não mercado é a atividade política corporativa (CPA). A conexão entre esfera pública e privada pode trazer alguns benefícios, mas também traz riscos para o ambiente democrático na medida em que pode acarretar em uma captura do Estado por parte do setor privado dando para este acesso ao poder público. Para tanto explora-se o lado sombrio da atividade política corporativa por meio de um estudo de caso único e intrínseco a partir dos dados públicos disponibilizados pela investigação da Odebrecht na operação Lava Jato.
Tem-se por objetivo apontar como a atividade política corporativa pode se subverter e capturar o Estado por meio de atuações ilícitas. Entende-se, assim, que ações à margem da lei ou da ética podem ser resultantes de uma estratégia de não mercado. Com isso ampliam-se os estudos sobre o lado sombrio da CPA, acrescenta-se uma definição de padrinhos e caciques e como esse relacionamento e os mecanismos de CPA subvertidos podem distorcer a ética das organizações. E, por fim, tal mudança de perspectiva abre caminhos para novos olhares para os estudos sobre estratégias políticas.
Lobby, os contratos públicos, as doações de campanha, as alianças e associações de classe são atividades de CPA que estiveram associadas à corrupção (KEIM e ZEITHAML, 2016). Apesar de haver outras atividades políticas corporativas, essas são as que conseguem explicar e detalhar a política de caciques e padrinhos no caso estudado. As empresas que se engajam em atividades corporativas se valem de um conjunto dessas estratégias combinadas (SCHULER; REHBEIN; CRAMER, 2002).
A metodologia de estudo de caso intrínseco foi escolhida, pois pressupõe uma descrição detalhada do caso para que ele possa trazer reflexões para o leitor a partir das conexões que ele mesmo faz com seu conhecimento prévio (STAKE, 1998). Para tanto foram utilizadas as análises das delações de cinco executivos da Odebrecht na operação Lava Jato. Tal metodologia permite que se construa teoria a partir de uma descrição do caso, o que abre portas para novas pesquisas sobre as possíveis consequências negativas da CPA.
A Odebrecht cresceu e se internacionalizou a partir de sua proximidade com o Governo. A Operação Lava Jato, no entanto, mostrou o quanto tal relacionamento se desenvolveu em esquemas de corrupção sofisticados a partir de uma estratégia de relacionamento pessoal entre executivos e políticos. Analisam-se as atividades de lobby, doações de campanha, associações de classe e relacionamentos pessoais e sua subversão ao lado sombrio da CPA a partir dos relatos dos executivos.
Por meio da CPA e envolvendo condutas ilícitas como o pagamento de propina e o Caixa 2 a Odebrecht conquistou contratos e organizou o mercado. A empresa também está sendo processada por supostamente ter eliminado a competição, comprado medidas provisórias e legislações. Há que se ter cuidado para que grandes corporações não realizem atividades corporativas políticas de forma a capturar o Estado e engajar em crimes corporativo. As corporações tem grande capacidade de influenciar o Estado e, consequentemente, a democracia (BARLEY, 2007).
BARLEY, S. R. Corporations, democracy, and the public good. Journal of Management Inquiry, v. 16, n. 3, 2007. KEIM, G. D.; ZEITHAML, C. P. Corporate Political Strategy and Legislative Decision Making : A Review and Contingency Approach The Academy of Management Review, v. 11, n. 4, 2016. SCHULER, D. A.; REHBEIN, K.; CRAMER, R. D. Pursuing strategic advantage through political means: A multivariate approach. Academy of Management Journal, v. 45, n. 4, 2002. STAKE, R. E. Case studies. In: Strategies of Qualitative Inquiry. California: Sage Publications, 1998