Resumo

A Teoria Baseada em Recursos (TBR/RBV) e a Teoria das Capacidades Dinâmicas (TCD) têm sido consideradas como as abordagens líderes com foco na eficiência das firmas, analisadas tanto por separado como em conjunto, enriquecendo pela sua complementariedade, a análise do desempenho das firmas em ambientes dinâmicos de mercado. A TCD melhora os pressupostos da TBR, sendo mais eficiente em mostrar a natureza evolutiva de recursos e capacidades e conseguindo explicar melhor o desempenho diferenciado das firmas e os mecanismos de transformação geradores de vantagem competitiva.

O estudo das teorias baseadas em recursos e capacidades torna-se necessário pelo aumento inexorável na complexidade do ambiente corporativo, onde novos sistemas de produção, inovação e troca surgem a cada dia, ao passo que diversificados segmentos de consumidores emergem. Nesse contexto, diversos stakeholders defendem seus interesses, mesmos que intersectam os da firma e dos mercados. Assim, o objetivo desta revisão sistemática da literatura foi analisar a trajetória teórico-epistemológica da TBR e da TCD em relação ao desempenho e à geração de vantagem competitiva.

A origem da vantagem competitiva das organizações depende da posse de recursos que tenham as seguintes características (modelo valioso, raro, inimitável e não substituível-VRIN) (Barney & Hesterly, 2018). Mas, certamente, sustentar uma vantagem competitiva estratégica requer o desenvolvimento de capacidades dinâmicas (CDs) (Rumelt, Schendel, & Teece, 1994; Teece, 2007). Teece, Pisano e Shuen (1997) se referem às CDs ou competências da gestão estratégica para adaptar, integrar e reconfigurar recursos e funções em um ambiente de mudanças tomando em conta o dinamismo no ambiente de negócios.

A TBR examina o vínculo entre as características internas das firmas e o desempenho superior destas, sendo considerados recursos, todos os ativos, capacidades, processos, atributos, conhecimento, informação, etc., que permitem melhorar a eficiência e efetividade organizacionais. Já para TCD, as capacidades emergem de experiências de aprendizagem dependentes da trajetória histórica da organização e das escolhas dos gestores no processo decisório, mesmas que são limitadas pela base de conhecimentos e que requerem de caminhos ou trilhas para descobertas, que evolucionam em ações concretas.

Conquistar uma vantagem competitiva a partir de um conjunto de ativos e recursos não é um processo simples. Somente firmas com determinados recursos e capacidades podem ter vantagens competitivas para conseguir desempenho superior. A vantagem competitiva sustentável determina a habilidade de uma organização de reconfigurar e renovar constantemente seus estoques de recursos e capacidades, que estimulam a inovação e consequentemente a performance.

Barney, J. (1991). Firm resources and sustained competitive advantage. Journal of Management, 17(1), 99–120. Barney, J., & Hesterly, W. (2018). Strategic Management and Competitive Advantage: Concepts and Cases, Global Edition (6th ed.). New York: Pearson Education, Limited. Peteraf, M. A. (1993). The cornerstones of competitive advantage: a resource‐based view. Strategic Management Journal, 14(3), 179–191. Teece, D. J., Pisano, G., & Shuen, A. (1997). Dynamic Capabilities and Strategic Management. Strategic Management Journal, 18(7), 509–533.