Resumo

Título do Artigo

ALUNOS RELEGADOS À PRÓPRIA SORTE: o desconhecimento dos educadores e dos profissionais da saúde pública em relação ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
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Palavras Chave

Políticas públicas
TDAH
Sistema educacional

Área

Administração Pública

Tema

Gestão em Saúde

Autores

Nome
1 - Marilene Tavares Cortez
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - NEAD
2 - Denise Carneiro dos Reis Bernardo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI (UFSJ) - Departamento de Ciências Administrativas

Reumo

Sistematicamente, o Brasil tem ocupado as últimas posições na classificação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA). Pesquisas internacionais e do Brasil mostram que as crianças com TDAH apresentam desempenho escolar muito prejudicado e inferior ao da criança típica. No Brasil, identifica-se, também, que os professores não têm um conhecimento adequado sobre esse transtorno. Resta ainda ponderar sobre a escassez de políticas públicas no país que contemplem o aluno com o TDAH de forma a lhe prover um tratamento adequado no sistema de saúde e educacional.
Qual a importância do desenvolvimento de políticas públicas que capacitem professores, médicos e psicólogos da rede pública no reconhecimento do TDAH entre os escolares? Nesse sentido, o objetivo geral do trabalho foi identificar o conhecimento desses profissionais sobre os alunos que apresentam esse transtorno.
O TDAH passou a ser considerado um transtorno do neurodesenvolvimento a partir da publicação do DSM-5 (APA, 2014). Um dos aspectos mais importantes a ser considerado quando se toma um transtorno em sua perspectiva do neurodesenvolvimento é assumir que o indivíduo que apresenta algum desses transtornos, como o TDAH, a dislexia, entre outros, terá déficits no desenvolvimento que levarão à prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e profissional.
No intuito de alcançar o objetivo desse trabalho, identificar o conhecimento professores, médicos e psicólogos da rede pública sobre os alunos que apresentam o TDAH, a pesquisa envolveu investigação quali-quantitativa. A amostra foi constituída de 27 professores e ´por profissionais de saúde: 2 pediatras e 3 psicólogos da saúde pública, 1 neuropediatra e 1 neuropsicóloga. Para efeitos dessa pesquisa constituiu-se, ainda, uma amostra de 71 alunos com: TDAH (n=9), dislexia (n=6), TDAH + dislexia (n=11) e sem transtorno (n=45). Essa amostra foi composta a partir da reavaliação de alunos em risco.
Os resultados obtidos confirmam a expectativa sobre o insuficiente conhecimento de educadores e de médicos em relação ao TDAH, o que não é surpresa mediante o estado da arte sobre o estudo do TDAH. Enquanto os professores superestimam o risco para esse transtorno (23,9%) (17 crianças em 71), os médicos emitiram diagnóstico de TDAH para 32,4% (23 crianças em 71) das crianças da amostra. A avaliação desses últimos é muito mais preocupante do que aquela dos professores por ultrapassar ainda mais a incidência esperada de acordo com a literatura.
A falta de compreensão e de conhecimento da escola sobre o TDAH tem levado à exclusão daqueles que sofrem com essa condição. Acredita-se que essa exclusão seja maior no Brasil do que em outros países, uma vez que estes países adotam medidas protetivas em relação ao aluno com dificuldade escolar. Como evidenciaram os dados desta pesquisa é necessária a melhora na capacitação dos profissionais da saúde e da educação através de políticas públicas que fortaleçam a intersetorialidade entre essas áreas.
Barkley, R. A. (2002). Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade-Guia completo para pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed. Barry, T., Lyman, D., & Klinger, L. G. (2002). Academic Underachievement and Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder: The Negative Impact of Symptom Severity on School Performance. Journal of School Psychology, 40(3), 259-283. Coelho, M. I. (2008). Vinte anos de avaliação da educação básica no Brasil: aprendizagens e desafios. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 16(59), 229-258.