Estratégias Climáticas
Remuneração dos Executivos
Teoria da Agência
Área
Gestão Socioambiental
Tema
Gestão Ambiental
Autores
Nome
1 - Victor Daniel Vasconcelos UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
2 - Rômulo Alves Soares UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria
3 - Mônica Cavalcanti Sá de Abreu UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuárias e Contabilidade
Reumo
A mudança climática é um desafio para sustentabilidade dos atuais sistemas de produção, com impacto de longo prazo e irreversível, devido a uma inércia das corporações na resolução deste problema (Abreu, Freitas, & Rebouças, 2017. Diante disso, empresas estão adotando estratégias para enfrentar o aquecimento global e reduzir as emissões por meio de melhoria de produtos e processos (Kolk & Pinkse, 2005). A remuneração dos executivos vinculada ao desempenho ambiental representa uma forma de lidar com este problema ao proporcionar aos executivos incentivos para o cumprimento de metas ambientais.
Não existe uma relação clara entre remuneração dos executivos e atividades socioambientais. Estudos recentes tratam de remuneração dos executivos e desempenho ambiental (Berrone & Gomez-Mejia, 2009) e desempenho social corporativo (Mahoney & Thorne, 2005), no entanto, não é estudada a associação entre remuneração dos executivos e estratégias climáticas. Nesse sentido, o estudo amplia o debate sobre remuneração de executivos e ações socioambientais, ao examinar a seguinte questão de pesquisa: Em que extensão a estrutura de remuneração dos executivos afeta as emissões de gases do efeito estufa?
Para o desenvolvimento deste estudo, os seguintes tópicos foram levantados para fundamentação teórica e desenvolvimento das hipóteses de pesquisa: Estratégias climáticas: desafios e evolução e a influência da estrutura de remuneração dos executivos nas estratégias climáticas. Três hipóteses foram levantadas. H1: Um maior percentual de remuneração fixa influencia positivamente a emissão de CO2. H2: Um maior percentual de remuneração variável influencia positivamente a emissão de CO2. H3: Um maior percentual de remuneração por opções de ações influencia negativamente a emissão de CO2.
A pesquisa compreendeu as empresas brasileiras de capital aberto que realizaram seu inventário de emissão de gases de efeito estufa entre 2010 e 2017. A variável emissão de CO2 é constituída pela razão entre emissão de CO2 do escopo 1 e a receita das empresas. Realizou-se análise descritiva e de clusters hierárquica e testes de hipóteses não paramétricos de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney pairwise, além disso, foram estimados modelos de regressão linear, por mínimos quadrados ordinários, com efeitos fixos do tempo e dos setores.
Os achados da pesquisa indicam existir uma relação positiva entre a remuneração fixa dos executivos com a emissão de gases do efeito estufa suportando a hipótese 1. Em relação, a remuneração variável não foi notada nenhuma relação significante com a emissão de gases do efeito estufa, não suportando a hipótese 2. Na remuneração dos executivos por opções de ações notou existir uma relação negativa com emissões de gases do efeito estufa, suportando a hipótese 3, chegando à conclusão que remunerações baseadas no longo prazo favorecem adoção de estratégias climáticas por partes dos executivos.
O artigo estudou a influência da remuneração dos executivos na emissão de gases do efeito estufa. No campo teórico, o trabalho agrega a discussão de estratégias climática, com a emissão de gases do efeito estufa e remuneração dos executivos, em um cenário em que as mudanças climáticas têm sido reconhecidas como um dos maiores desafios enfrentados pelo ser humano desde a revolução industrial. A pesquisa reforça o uso da relação de agência nos estudos de remuneração dos executivos, sendo esta, uma ferramenta para diminuir o conflito de agência existente entre os gestores e os acionistas.
Abreu, M. C. S., Freitas, A. R. P., & Rebouças, S. M. D. P. (2017). Conceptual model for corporate climate change strategy development: Empirical evidence from the energy sector. Journal of Cleaner Production, 165, 382–392.
McGuire, J., Dow, S., & Argheyd, K. (2003). CEO Incentives and Corporate Social Performance. Journal of Business Ethics, 45(4), 341–359.
Mahoney, L. S., & Thorne, L. (2005). Corporate social responsibility and long-term compensation: Evidence from Canada. Journal of Business Ethics, 57(3), 241–253.