Resumo

A pesquisa propõe um diálogo entre o conceito sociológico de tribos urbanas adotado por Michel Maffesoli para caracterizar a vida social, e o conceito de strategizing, central nos estudos da estratégia como uma prática social. Tanto o conceito de tribos urbanas quanto a perspectiva da estratégia como uma prática social emergiram de propostas de estudo da socialidade pós-moderna ou após o modernismo.

A partir do conceito sociológico de tribos urbanas, proposto por Maffesoli (2014b), e do conceito de strategizing presente em estudos da estratégia como uma prática social, esta pesquisa busca responder o seguinte problema de pesquisa: como o estudo da estratégia vista como uma prática social pode se beneficiar da aplicação do conceito de strategizing em formas fluidas de socialidade? O objetivo geral desta pesquisa é analisar como o strategizing é praticado em formas fluidas de socialidade: as tribos urbanas.

Nesta pesquisa, o termo tribo urbana (Maffesoli, 1997, 2014a, 2014b, 2016) é utilizado como metáfora para o estudo do strategizing em formas fluidas de socialidade. O referencial teórico é abordado em duas seções: na primeira seção, as tribos urbanas são apresentadas como um conceito sociológico para pensar o strategizing; na segunda seção, o tema é o strategizing na estratégia como prática social.

Em relação aos procedimentos metodológicos, foram utilizados a abordagem qualitativa do material coletado na pesquisa de campo, elementos da etnometodologia e o método de estudo de caso. Quanto aos procedimentos da pesquisa de campo, foi utilizada a técnica da observação in loco das tribos pesquisadas e de interações da tribo em redes sociais on-line, com registro em caderno de campo e entrevistas com membros das tribos.

Os resultados são apresentados em duas subseções: as práticas de strategizing das tribos urbanas pesquisadas e as implicações da pesquisa sobre tribos urbanas para o estudo das práticas de strategizing em formas fluidas de socialidade. As tribos são situadas temporalmente e espacialmente; uma breve história de cada uma é apresentada; as práticas de strategizing das cinco tribos urbanas são analisadas a partir de caraterísticas identificadas por Maffesoli (1997, 2014a, 2014b, 2016): ambiência, identidade, estética, ética, socialidade, transfiguração do político e homo eroticus/ homo festivus.

As práticas de strategizing nas tribos urbanas contribuem para o estudo da estratégia como prática mostrando manifestações estratégicas emergentes e efêmeras, a dispersão e a ausência teleológica na busca por existência da tribo, o papel da ética e da estética nas interações cotidianas, a representação transitória e instável de múltiplos papéis e sua relação com a horizontalidade das relações, o foco nos praticantes que constroem os agrupamentos organizacionais, a transfiguração do político nas interações das tribos com o ambiente social e ambiental, a busca pelo lúdico na geração de emoções.

Jarzabkowski, P. (2005). Locating Activity in the Strategy Literature. In: P. Jarzabkowski (2005). Strategy as practice: An activity-based approach (pp. 39-64). London, Thousand Oaks, New Delhi: Sage. Jarzabkowski, P., Balogun, J. & Seidl, D. (2007). Strategizing: The challenges of a practice perspective. Human Relations, 60 (1), 5-27. Maffesoli, M. (1997). A transfiguração do político: a tribalização do mundo. Porto Alegre: Sulina. ____. (2014b). O tempo das tribos: o declínio do individualismo nas sociedades de massa. Rio de Janeiro: Forense.