Abordagens sociais, organizacionais, cognitivas e históricas em Estratégia
Autores
Nome
1 - Miriam Pires Eustachio de Medeiros Vale CENTRO UNIVERSITÁRIO ÁLVARES PENTEADO (FECAP) - Graduação
Reumo
Esta pesquisa trata sobre a legitimidade das agências de rating de crédito no Brasil partindo da visão de sua audiência. A partir de pesquisa de campo conduzida com a audiência das seguintes organizações: Argus Classificadora de Risco de Crédito, Austin Rating, Fitch Ratings Brasil, Liberum Ratings, Moody’s, SR Rating e S&P, buscou-se entender como pode ser explicado o fenômeno das agências de rating de crédito no Brasil, bem como o papel da legitimidade dessas empresas por meio de mais de quarenta entrevistas em profundidade.
O objetivo é entender o processo por meio do qual essas organizações tornam-se legítimas e merecedoras da confiança de sua audiência. Para tanto, pretendeu-se, a partir de um trabalho exploratório e qualitativo, pesquisar o relacionamento das agências de rating de crédito não só com seus clientes, mas também com agentes de mercado que influenciam a contratação das agências.
Com base na teoria (neo)institucional e também a partir dos trabalhos de Sinclair (2000, 2001, 2005, 2010) buscou-se fundamentar o roteiro de entrevistas que foi aplicado nas instituições entrevistadas. Sendo assim, o conceito de legitimidade adotado aqui é dependente de uma audiência coletiva que julga determinado sujeito (Suchman, 1995) e tal audiência é a responsável pela persistência das organizações legitimadas e por fornecer-lhes recursos.
Foram feitas quarenta e uma entrevistas com diversas instituições. Inicialmente na pesquisa achou-se que apenas instituições que tivessem seus ratings feitos pelas agências deveriam ser ouvidas, entretanto, com a ida a campo notou-se que se deveria entrevistar uma maior miríade de instituições para entender o fenômeno de forma mais completa. Depois de feitas, foram transcritas, passadas para o Atlas.ti e codificadas de acordo com o fenômeno estudado.
Diversos trechos de entrevistas foram apresentados nessa parte do trabalho com o intuito de expressar ao leitor o que foi encontrado em campo e contribui para o entendimento do fenômeno.
A partir das análises feitas, não há dúvidas de que a legitimação das agências é um processo, que é socialmente construído e dependente das relações interorganizacionais estabelecidas (BERGER; LUCKMANN, 2002; ASHFORT; GIBBS, 1990; DEEPHOUSE; SUCHMAN, 2008; GALASKIEWICZ, 1985). Tanto é que para uma da agências brasileira entrevistadas, é reconhecido que, para que suas avaliações fossem aceitas, um forte trabalho da área comercial sobre os fundos de pensão, estruturadores de operações e com os gestores de fundos fosse feito.
SINCLAIR, T. J. Reinventing Authority: Embedded Knowledge Networks and the New Global Finance. Environment and Planning C: Government and Policy, v. 18, n. 4, p. 487 – 502, August 2000.
_____. The Infrastructure of Global Governance: Quasi-regulatory Mechanisms and the New Global Finance. Global Governance, v. 7, p. 441 – 451, 2001.
_____. The New Masters of Capital: American Bond Rating Agencies and the Politics of Credit-Worthiness. Ithaca: Cornell University Press, 2005.