Resumo

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu como um dos objetivos da república o combate às desigualdades sociais e regionais, assim como assegurou a universalidade de acesso à educação e à saúde. No entanto, a abrangência do tema oferece desafios para fazer cumprir estes objetivos e sua oferta e, neste contexto, a descrição e a interpretação da desigualdade é centralmente influenciada pela abordagem e métrica adotada (ARRETCHE, 2017).

Qual o nível de desigualdade econômica abrigada pelo município de Rio Paranaíba/MG diante à realidade estadual e nacional? Utilizando-se da abordagem da desigualdade econômica articulada por Arretche (2017) e das métricas apresentadas em Medeiros (2012), e do teste estatístico qui-quadrado para independência (BUSSAB e MORETTIN, 2006) este trabalho teve como objetivo descrever o nível de desigualdade econômica abrigada por Rio Paranaíba/MG frente à realidade estadual e nacional.

A desigualdade manifesta-se em muitas esferas da atividade humana, pois está incorporada em nossa estrutura social e econômica (ATKINSON, 2016). Sendo assim, torna-se imprescindível delimitar: “desigualdade do que e em relação a quem?” (ARRETCHE; ATKINSON; MEDEIROS; SEN; 2017, 2016, 2012, 1992). A abordagem da desigualdade econômica, neste sentido, apresentada por Arretche (2017) constituída pelas dimensões monetária e não-monetária, mostra-se competente em visualizar estas questões. As métricas, por sua vez, oferecem os parâmetros para intepretação das desigualdades.

A pesquisa tratou-se de um levantamento de caráter descritivo e hipotético-dedutivo tendo como metodologia a estatística, assim, foram aplicados questionários estruturados de forma aleatória e em estratos, com tabulação e tratamento estatístico no software de cálculo Excel®. As principais métricas adotadas nesta pesquisa disseram respeito, portanto, ao Coeficiente de Gini, Gráfico de Lorenz, Curva de Quantis, Parada de Pen e teste estatístico qui-quadrado de Pearson para Independência.

A desigualdade relativa de renda abrigada pelo município destoa-se do contexto nacional e estadual, enquanto que a disparidade de renda, se considerada a linha da pobreza como critério de comparação, apresentou sintonia com o âmbito estadual e melhor desempenho à realidade nacional. Observou-se, também, que a literatura corroborou à situação fática do município em que o acesso às faixas elevadas de escolaridade é influenciada pela renda e vice-versa; o acesso à saúde, por sua vez, não está vinculado a nenhuma variável específica, no entanto, renda e escolaridade exercem preponderância.

A perspectiva da desigualdade econômica está vinculada a dimensões que influenciam substancialmente a qualidade de vida das pessoas, muito em função de sua natureza sistêmica que engloba, além do fator renda, o acesso aos serviços públicos. O grande ganho em se pensar desigualdade econômica diz respeito a concatenar os diferentes fatores, interligando-os, uma vez que uma coisa não está desvinculada da outra. Educação, saúde e renda são componentes com relação umbilical na perpetuação das desigualdades, como foi possível verificar.

ARRETCHE, Marta Teresa. Democracia e redução da desigualdade econômica no Brasil: a inclusão dos outsiders. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 33, n. 96, 2017. ATKINSON, Anthony B. Desigualdade: O que pode ser feito?. Editora Leya, 2016. BUSSAB, Wilton O.; MORETTIN, Pedro A. Estatística Básica, 5ª Edição, São Paulo. Editora Saraiva, 2006. MEDEIROS, Marcelo. Medidas de desigualdade e pobreza. Editora Universidade de Brasília, 2012. PIKETTY, Thomas. O capital no século XXI. Editora Intrínseca, 2014. SEN, Amartya. Inequality reexamined. Clarendon Press, 1992.