Resumo

O contexto da atuação de profissionais no mundo contemporâneo é marcado por pressão. No caso dos professores, por exemplo, Chang (2009) argumenta que a gestão das emoções para esses profissionais é um desafio na busca do bem-estar e pode auxiliá-los a lidar com as demandas do trabalho e melhorar a sua autoeficácia. O ensino é uma prática emocional. As emoções são permanentes no trabalho docente porque estão baseadas em relacionamento interpessoais entre professores, entre professore e alunos e pelas pressões das políticas educacionais e das condições de trabalho (Marchesi, 2008).

A realização das atividades dos professores envolve altos níveis de engajamento (Schaufeli, Bakker & Salanova, 2006) docente. Para lidar com as demandas, o docente deve desenvolver e mobilizar as competências socioemocionais - CSE (Macêdo, 2018). Tanto o engajamento docente quanto as CSE podem afetar os níveis de bem-estar no trabalho do docente. Esse pressuposto motivou a realização de um estudo com o objetivo de analisar a contribuição das competências socioemocionais e do engajamento no bem-estar de docentes que atuam em cursos de graduação em administração na região Nordeste do Brasil.

A fundamentação teórica abordou o contexto da prática docente, caracterizou as vertentes teóricas sobre as emoções, com ênfase nas competências socioemocionais e suas implicações na formação docente. Também discutiu a relação ente os construtos engajamento, competências socioemocionais e bem-estar. Estudo realizado por Extremera e Rey (2005) indicou a relação positiva e estatisticamente significativa entre inteligência emocional, bem-estar subjetivo e engajamento.

Uma pesquisa quantitativa e descritiva foi realizada com 181 docentes que atuam em cursos da área de Administração e Gestão de Instituições de Ensino Superiores (IES) da Região Nordeste nos meses de abril a junho de 2019. Foram utilizadas três escalas de mensuração dos construtos competências socioemocionais, engajamento e bem-estar. O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado em quatro partes. A análise de dados envolveu uma fase exploratória e uma análise de regressão linear múltipla.

O principal resultado da pesquisa indica que 44,1% do bem-estar dos professores é explicado pela criatividade emocional, pela regulação emocional e pelo engajamento docente no trabalho. O Engajamento (ß = 0,452) é mais forte preditor de bem-estar do que a Criatividade Emocional (ß = 0,188) e a Regulação Emocional (ß = 0,146). Os achados da pesquisa reforçam o posicionamento de Martins, Ramalho & Morin (2010) de que o engajamento é determinante para uma melhor compreensão do bem-estar.

Os resultados deste estudo revelaram que o engajamento, a criatividade emocional e a regulação emocional explicam 44,1% do bem-estar dos professores pesquisados. Que fatores determinam os 55,9% restantes? Um estudo exploratório poderia compreender outras variáveis que impactam no bem-estar docente. Analisar tais fatores pode subsidiar política de gestão de pessoas de tais profissionais com o objetivo de promover o bem-estar e o desempenho profissional efetivo. Algumas sugestões de futuros podem ampliar a compreensão do fenômeno.

Diener, et. al. (2009). New Measures of Well-Being. In: Diener E. (Org.) Assessing Well-Being. Social Indicators Research Series, 39. Springer, Dordrecht, 247 – 266. Macêdo, J. W. de L. (2018). Competências socioemocionais no serviço público: um estudo com gerentes de atendimento do INSS. (Dissertação de Mestrado - Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB, Brasil). Schaufeli, et. al. (2006) The measurement of work engagement with a short questionnaire: a cross-national study. Educational and Psychological Measurement, 66, 701-716.