Resumo

Título do Artigo

O Empreendedorismo Institucional no processo de certificação de Boa Esperança (MG) como Cidade Comércio Justo
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Palavras Chave

Empreendedorismo Institucional
Comércio Justo
Cidade Comércio Justo

Área

Empreendedorismo

Tema

Empreendedorismo Social

Autores

Nome
1 - ALINE VILLAS-BÔAS SILVEIRA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - FACC
2 - Gilmar José dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis

Reumo

O artigo estuda o fenômeno do empreendedorismo institucional como uma força relevante na consolidação de um campo organizacional emergente, o comércio justo (fair trade), cujo eixo central é a relação entre produtores do hemisfério sul e importadoras e plataformas de comercialização do hemisfério norte, que distribuem esses produtos em lojas próprias ou no varejo tradicional, por meio de selos de certificação.
O objetivo geral é analisar o papel dos empreendedores institucionais no processo de certificação de Boa Esperança como Cidade Comércio Justo, e os objetivos específicos são: 1) identificar os atores e coletividades que atuaram como empreendedores institucionais no processo de certificação do município como Cidade Comércio Justo; 2) analisar por que a cidade investiu no comércio justo; 3) descrever o processo de certificação de Boa Esperança como Cidade Comércio Justo; e 4) identificar como a agência dos empreendedores institucionais contribuiu para a certificação do município.
O artigo se sustenta na teoria de institucionalização de Berger e Luckmann (2004), para quem as instituições se produzem quando padrões definidos ao longo do tempo conduzem ações de indivíduos em uma certa direção, dentre tantas possíveis, sendo submetidos ao crivo social. Outro marco teórico importante é o conceito de empreendedorismo institucional (DiMaggio, 1988), que postula que a criação e a transformação de instituições se explicam, em parte, pelas atividades empreendedoras de atores dotados de recursos e posições que os permitem articular e reforçar inovações.
A pesquisa segue uma abordagem qualitativa, do tipo exploratória-descritiva, sob o desenho de estudo de caso. A unidade de caso escolhida foi a cidade de Boa Esperança, MG, que recentemente recebeu a certificação de Cidade Comércio Justo. Para tanto, foram entrevistados os oito atores com maior participação nesse processo, além do estudo de documentos e observação direta no local.
Os resultados corroboram totalmente quatro e parcialmente duas das seis proposições de Maguire, Hardy e Lawrence (2004), mostrando que os atores estudados possuem legitimidade, foram capazes de articular diversos stakeholders por meio da utilização de argumentos e compartilharam dos valores legitimados localmente. Contudo, não houve a necessidade de negociações, tampouco conseguiram a estabilização completa do campo.
Os resultados permitem concluir que os empreendedores institucionais tiveram função estratégica no processo de certificação da cidade de Boa Esperança (MG) como Cidade Comércio Justo, mas também vêm desempenhando papel fundamental na construção de um universo simbólico que permitirá a institucionalização dessa estrutura e a sua transmissão para gerações futuras.
BERGER, P.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 2004. DiMAGGIO, Paul. Interest and agency in institutional theory. In: ZUCKER, Lynne G. (ed.) Institutional patterns and organizations: culture and environment. Cambridge, Mass.: Ballinger, 1988, p. 23-49 MAGUIRE, S.; HARDY, C.; LAWRENCE, T.B. Institutional Entrepreneurship in Emerging Fields: HIV/AIDS treatment advocacy in Canada. The Academy of Management Journal. Vol. 47, n 5, 2004, p. 657-679