Resumo

Título do Artigo

A Influência do Comportamento Ético no Ambiente de Trabalho e seus efeitos no desvio de conduta no Meio Acadêmico, uma análise sob a perspectiva de trapaça
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Palavras Chave

Percepções éticas
Má conduta acadêmica
Ética no ambiente empresarial

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Ambientes de ensino-aprendizagem

Autores

Nome
1 - Marcielle Anzilago
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - Florianópolis
2 - Franciele do Prado Daciê
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ (UEM) - Cianorte
3 - Kelly Arent Della Giustina
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) - Trindade - Florianópolis

Reumo

A fraude acadêmica é uma epidemia que as instituições de ensino superior têm lutado para conter (Winrow, 2016). A disseminação de fraudes entre empresas é alarmante, uma vez que o uso de meios antiéticos no ambiente estudantil relaciona-se com a probabilidade de envolvimento em comportamentos antiéticos no local de trabalho (Nonis & Swift, 2001; Winrow, 2016). Escândalos como os da Enron, Adelphia, Arthur Andersen e WorldCom colocaram a ética empresarial em debate público e fizeram a profissão contábil se promover com altas tendências morais (Copeland, 2005; Smyth, Davis & Kroncke, 2009).
A literatura vem explorando características acadêmicas associadas à má conduta acadêmica, indicando que este pode estimular o engajamento em comportamentos antiéticos no local de trabalho (Winrow, 2016). Por outro lado, sabe-se também que o ambiente no qual o indivíduo está inserido é capaz de influenciar suas ações (Ajen, 1951). Dessa maneira, o estudo busca analisar em que medida o comportamento ético no ambiente de trabalho afeta a probabilidade dos estudantes de ciências contábeis trapacear no ambiente acadêmico.
Evidências indicam que a má conduta acadêmica (a trapaça, o plágio e outros meios de má conduta acadêmica prevalecem no âmbito escolar) pode estar relacionada a atitudes voltadas a comportamentos antiéticos no local de trabalho. No entanto, as teorias comportamentais também indicam que o ambiente é capaz de motivar uma ação. Diante do atual mercado competitivo, que embora busque por profissionais qualificados e com discernimento ético, aceita alguns “deslizes” éticos em busca de melhor desempenho, novos debates na área dos negócios, sobretudo sobre posturas éticas, podem ser levantados.
O estudo é de natureza descritiva, quantitativo, em que utilizou-se da estratégia de uma survey. A população do estudo compôs-se de alunos de contabilidade de uma IES pública de Santa Catarina. O modelo teórico testado baseou-se em Winrow (2016). A coleta foi realizada presencialmente e via e-mail via plataforma google docs, no período de novembro a dezembro de 2018. Foram recebidos 140 questionários válidos. Para a análise dos dados empregou-se a modelagem de equações estruturais.
Observou-se um efeito estatística significativo da ética no ambiente de trabalho sobre as variáveis: fraude espontânea (valor=0,218 sig.<0,05), fraude planejada (valor=0,163 sig.<0,10) e uso indevido de materiais (valor=0,132 sig.<0,10). Não foi encontrada relação significativa para a variável plágio. Isso indica que o comportamento ético no local de trabalho afeta a questão de fraude dentro do âmbito universitário, mas que esse efeito não foi estatisticamente suportado para o plágio. Pode-se inferir que, a conduta ética do profissional pode estimular a honestidade no âmbito acadêmico.
Os resultados do estudo mostram que, embora com efeitos ainda pequenos, as experiências vivenciadas e tidas como éticas no ambiente profissional tendem a relacionar-se com evasão de atitudes desonestas no âmbito acadêmico, ou seja, um melhor ranking ético empresarial proporciona menor comportamento de trapaça na academia. Assim como costumeiramente discutido sobre a postura ética na academia, espera-se que a disseminação dessa forma de agir, também atinja o meio pessoal e empresarial/profissional. Isso reflete na importância da discussão da ética nos ambientes profissionais e de ensino.
Alleyne, P., & Thompson, R. M. (2019). Examining Academic Dishonesty: Implications for Future Accounting Professionals. In: P. Alleyne & R. M. Thompson. Prevention and Detection of Academic Misconduct in Higher Education. Hershey PA, IGI Global. Ajzen, I. (1991). The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, 50, 179–211. Graduate Management Admission Council (2016). Corporate recruiter's survey: General data report. Winrow, B. (2016). Do perceptions of the utility of ethics affect academic cheating? Journal of Accounting Education, 37, 1-12.