Resumo

A educação empreendedora (EE) em escolas secundárias tem ganhado a atenção de vários países e organizações internacionais. O empreendedorismo estimulado através de ensino adequado conduz à geração de jovens inovadores e proativos, protagonistas de negócios, bem como jovens preparados para agir com criatividade e pensamento crítico no mercado de trabalho e no desenvolvimento de valores e crenças favoráveis a uma cultura empreendedora. A EE é o embrião que possibilita a emancipação, traz geração de renda, desenvolvimento tecnológico e econômico para a comunidade e conduz à inclusão social.

Este trabalho objetiva proporcionar uma reflexão sobre a educação empreendedora para além do ensino superior como instrumento de empoderamento, inovação e sustentabilidade. Investiga-se a contribuição de atividades pedagógicas na promoção e potencialização da educação empreendedora no ensino médio. As práticas pedagógicas vigentes no ensino secundário em escolas públicas do RS estão desenvolvendo capacidades que geram o espírito empreendedor?

O modelo de aprendizagem contínua encontra ressonância na teoria de Dolabela, sendo processo que se inicia quando os valores da criança estão sendo formados e ela, com a educação e as experiências posteriores, vai adquirindo habilidades, conhecimentos básicos e competência. Defende-se que na educação básica, o ensino do empreendedorismo deve desenvolver qualidades pessoais (criatividade, iniciativa e independência) que contribuam para o desenvolvimento da atitude empreendedora, que será útil para a vida, trabalho ou criação de negócio dos jovens formando indivíduos preparados para o sucesso.

Trata-se de pesquisa descritiva do tipo estudo de caso, cujos dados coletados por meio de entrevistas e questionários foram submetidos à análise de conteúdo. O trabalho se propôs a investigar a contribuição de atividades pedagógicas na promoção e potencialização da educação empreendedora no ensino médio em quatro escolas estaduais do RS. Os sujeitos da pesquisa são alunos participantes da Mostra das Escolas Estaduais de Educação Profissional, professores que orientaram as atividades dos discentes e servidor interlocutor da Superintendência de Educação Profissional.

A prática observada demonstra descompasso entre a expectativa dos empresários e empresas locais e regionais e os alunos e as escolas. Existe desconfiança pelos discentes sobre suas habilidades e competências para atender aos anseios do mercado. Os alunos não percebem com clareza suas capacidades empreendedoras e carecem de uma atitude criativa, mas listam ferramentas de aprendizagem associadas à EE: gamificação dos conteúdos, conversas formais ou informais com empreendedores, simulações computacionais, entrevistas com empreendedores em seus ambientes de negócios, visitas de campo.

Conclusões demonstram a existência de conscientização da importância da Educação Empreendedora (EE) carecendo implementação. Existe interação entre práticas pedagógicas que criam clima propício de criatividade e inovação. Contudo, a falta de incentivo dos docentes, a carência de recursos e a falta de infraestrutura por parte do Estado e o despreparo dos discentes dificulta o fomento da EE.O modelo de aprendizagem contínua está longe de ser implementado. Faltam políticas públicas, aparato legal, um novo sistema educacional, engajamento de diversos atores que compõem o ecossistema empreendedor.

Dolabela, F. (2010). Oficina do empreendedor: a metodologia de ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. Sextante. Dolabela, F. (2003). Pedagogia empreendedora: O ensino de empreendedorismo na educação básica voltado para o desenvolvimento social sustentável. São Paulo. Editora de Cultura. Dolabela, F., & Filion, L. J. (2013). Fazendo revolução no Brasil: a introdução da pedagogia empreendedora nos estágios iniciais da educação. REGEPE-Revista de Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas, 2(3), 134-181. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.