Resumo

A Escola do Mecânico é uma empresa brasileira fundada em 2011 pela empreendedora Sandra Nalli. Ao alcançar a posição de gerente de unidade de uma rede de oficinas, Sandra constatou uma deficiência que, ainda hoje, permeia o mercado como um todo: a falta de mão de obra especializada em mecânica de automóveis. Ao longo dos anos que se seguiram, no entanto, Sandra precisou lidar com diversas tensões oriundas do crescimento de seu negócio. Em especial, a dificuldade em equilibrar o ganho de escala e aumento da lucratividade com a manutenção do impacto social.

De um lado, na rede de serviços automotivos em que ainda atuava, convivia com a necessidade de contratação de mão de obra especializada. Do outro lado, na Fundação Casa, onde Sandra prestava serviço social voluntário, havia um grande grupo de jovens carentes, excluídos do mercado de trabalho e sem oportunidades de recolocação. O negócio evoluiu para um sistema de franquias com 22 unidades que apresentam desafios relacionados à manutenção de lucratividade do negócio sem perder sua lógica social.

Uma vez que o modelo de franquias pode gerar tensões que ameaçam uma geração de impacto social significativo, o problema de pesquisa do presente trabalho é: A Escola do Mecânico conseguirá manter seu propósito de impacto social com sua expansão a partir de um modelo rentável de franquias? Sendo assim, o objetivo do trabalho é avaliar aspectos centrais do negócio da Escola do Mecânico, de modo a entender sua capacidade presente de geração de impacto social ao mesmo tempo em que almeja lucros e expansão de suas unidades.

A partir de dados secundários, elaboramos um roteiro de entrevista semiestruturada, que foi conduzida, em 11 de Junho de 2019, na qual pudemos entender melhor toda a trajetória, desafios e também aprofundar dados sobre o negócio. Por fim, todas as informações foram consolidadas, permitindo a aplicação dos dados ao modelo proposto por Comini (2016), a fim de mapear como a Escola está posicionada entre a lógica de mercado e a lógica social, posto que se apresenta como um negócio de impacto com fins lucrativos.

Os resultados demonstram que a Escola do Mecânico passou, no momento de sua fundação, de uma lógica majoritariamente social, para um negócio híbrido que equilibra as lógicas social e de mercado.

Este caso pode ser estudado por organizações que enfrentam dilemas similares quanto a expansão por meio de franquias com a manutenção de seus propósitos sociais. Em relação aos estudos de Negócios Sociais, pode ser considerado como um caso de sucesso no que tange a capacidade do modelo de gestão equilibrar aspectos mercadológicos com sociais.