Resumo

Título do Artigo

Consumindo o Rio Amazonas: inspiração autoetnográfica na experiência de consumo como prática social.
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Palavras Chave

experiência de consumo
autoetnografia
teoria da prática

Área

Marketing

Tema

Consumo e Materialismo

Autores

Nome
1 - Áurio Lúcio Leocádio
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - PPAC
2 - Mateus Canniatti Ponchio
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - PMDGI

Reumo

O conceito de experiência de consumo tem se apresentado de forma atrativa no campo do marketing, pela possibilidade de uso e consolidação de diferentes eixos teóricos da disciplina (CHANEY, LUNARDO & MENCARELLI, 2018). Nessa lógica, a Teoria da prática emergiu amparando estudos sobre comportamento social (GIDDENS, 1984; RECKWITZ, 2002; DANTSIOU, SUNIKKA-BLANK, 2015) e de consumo (SCHATZKI, 2005a; SCHATZKI, 2017) SPAARGAREN, 2011; SHOVE et al. 2012; SPURLING et al. 2013; BLUE et al. 2016), possibilitando o entendimento de comportamentos rotineiros, que se manifestam social e inconscientemente.
O questionamento que norteia esta pesquisa é como se configuram os elementos da prática socialmente manifestada numa experiência de consumo? Esta pesquisa teve por objetivo geral analisar a configuração dos elementos da prática socialmente manifestada na experiência de consumo numa viagem de barco pelo Rio Amazonas. Como objetivos específicos são apontados: a) descrever a estrutura de consumo da experiência; b) identificar os significados socialmente compartilhados no consumo da experiência e c) c) identificar os grupos de consumidores de acordo com a referida estrutura teleoafetiva.
A experiência de consumo tem se justificado pelo fato de que os consumidores estão exibindo cada vez mais o desejo de experiências, o que tem levado a uma mudança de pesquisa centrada no consumo em si (CHANEY, LUNARDO & MENCARELLI, 2018). Esta pesquisa assume uma conceituação multidimensional da experiência, reconhecendo-a como integrante de um sistema social, uma prática compartilhada. Schatzki, Cetinna, Von Savigny (2005b) destacam que os sistemas sociais têm sido caracterizados como conjuntos contínuos e auto-reprodutivos de práticas compartilhadas.
Autoetnografia é um gênero de escrita e pesquisa que conecta o pessoal ao cultural, colocando o self dentro de um contexto social (REED-DANAHAY, 1997). A pesquisa é caracterizada como de inspiração etnográfica, por considerar que o tempo de imersão no objeto de estudo é considerado curto para os padrões etnográficos (SCHATZ, 2009), embora o rigor da coleta de dados tenha seguido os padrões desta metodologia. A coleta de dados ocorreu durante a duração da viagem de barco pelo Rio Amazonas, com a realização de observação participante, conversas informais e entrevistas em profundidade.
A análise dos dados foi estruturada na forma de relato, destacando os elementos da prática, de acordo com a estrutura de Shove et al. (2012), composto pelos materiais (estrutura do barco); significados compartilhados e a estrutura teleoafetiva, que inclui finalidades, sentimentos e sensações, relacionados com o consumo de experiência (SCHATZKY, 2017). Assim, o caráter narrativo-descritivo do relato apresenta os aspectos que estão relacionados coma prática desses consumidores: a estrutura do ambiente de consumo; os comportamentos coletivos e os significados compartilhados.
A tipologia de consumidores teleoafetivos identificados na viagem: o funcional, o nostálgico e o experiencial, se alinham com os processos primários de experiência de consumo, e se caracterizam como uma aproximação por termos de características de grupoAssim, pesquisas futuras poderão confirmar essa tipologia. A análise do comportamento de grupo trouxe uma ligação com estudos de caráter etnográficos, podendo indicar relação de comportamentos de consumo com variáveis culturais antropológicas. Ocupação espacial, uso coletivo de artefatos e reprodução de rotinas em família foram destacados.
CHANEY,D. Lunardo, R. Mencarelli, R. (2018). Consumption experience: past, present and future. Qualitative Market Research: An International Journal, Emerald, 21 (4), pp.402-420. REED-DANAHAY, D. (1997). Auto/Ethnography. New York: Berg. SCHATZKI, Theodore R. (2005b) Peripheral Vision: The Sites of Organizations. Organization Studies, v. 26, n.3, p.465-484. SHOVE, Elizabeth; PANTZAR, Mika; WATSON, Matt. (2012) The dynamics of social practice: Everyday life and how it changes. Sage.