Resumo

O marketing sensorial destaca-se por sua influência nas experiências e sensações das pessoas, despertando e estimulando suas percepções e emoções, proporcionadas por estratégias de visão, audição, olfato, tato e paladar, aplicadas nos cenários de serviços, nas relações interpessoais e em seus processos. Nas pediatrias hospitalares, ações de humanização relacionadas a estímulos sensoriais podem contribuir para o bem-estar físico e emocional dos pacientes e acompanhantes, sendo que os acompanhantes (geralmente familiares próximos) assumem importante papel durante as internações destes pacientes.

Com base na necessidade de estudos voltados para a temática do marketing sensorial na área hospitalar e de atendimento ao paciente infantil, na relevância do marketing sensorial para as práticas de humanização dos serviços de saúde e para o desenvolvimento do paciente infantil, e no importante papel dos acompanhantes durante a internação de crianças; este artigo buscou identificar quais dimensões do marketing sensorial tornam o trabalho de humanização mais satisfatório em pediatrias hospitalares, através da percepção dos acompanhantes das crianças internadas nestes espaços.

A economia de experiência faz emergir o marketing sensorial (SCHMITT, 2002), com estratégias voltadas para as cinco dimensões dos sentidos – visão, audição, olfato, tato e paladar (LINDSTROM, 2013). Serviços hospitalares têm aplicado ações sensoriais para fortalecer a humanização em seus espaços (ADAMS; MYLANDER, 2002). Considerando a criança como paciente peculiar (SILVA, 2005), é imprescindível a percepção do acompanhante quanto à qualidade dos serviços prestados nas pediatrias, pelo vínculo próximo estabelecido com o paciente infantil e como usuário destes serviços.

A pesquisa classifica-se como social, descritiva e exploratória, e de abordagem quantitativa (GIL, 2019), sendo utilizados dados coletados de uma dissertação de mestrado. O método de coleta de dados foi o levantamento de campo survey, através de questionários semiestruturados, aplicados aos acompanhantes de crianças internadas em unidades pediátricas de três hospitais filantrópicos da região noroeste do Rio Grande do Sul. Para alcance do objetivo do estudo, utilizou-se análise descritiva e inferencial, considerando médias, desvios padrão, correlação de Pearson e análise discriminante.

Apesar do tato e do olfato não terem sido as variáveis mais bem avaliadas pelos acompanhantes das crianças internadas nas unidades pediátricas investigadas; identificou-se o tato (média geral 4 de avaliação, coeficiente de correlação de Pearson 0,480 e coeficiente de estrutura de 0,883) e o olfato (média geral 3,92 de avaliação, coeficiente de correlação de Pearson 0,470 e coeficiente de estrutura de 0,874) como as dimensões sensoriais que mais explicam a satisfação dos acompanhantes pesquisados com o trabalho de humanização realizado nestes locais.

Foi possível elencar como cada constructo impactou nas práticas de humanização, através das percepções dos acompanhantes das crianças internadas nas pediatrias investigadas; destacando o tato e o olfato como as dimensões do marketing sensorial que mais justificam a satisfação dos acompanhantes das crianças internadas com o trabalho de humanização realizado nas pediatrias hospitalares da pesquisa. Evidenciou-se, ainda, as contribuições do marketing sensorial para o bem-estar físico e emocional dos pacientes e seus acompanhantes, refletindo na qualidade dos serviços de saúde prestados.

ADAMS, P.; MYLANDER, M. A terapia do amor. Tradução de Antonio Olinto. Rio de Janeiro: Mondrian, 2002. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2019. LINDSTROM, M. Brand sense: segredos sensoriais por trás das coisas que compramos. Tradução de Renan Santos. Porto Alegre: Bookman, 2013. SCHMITT, B. H. Marketing experimental. Tradução de Sara Gedanke. São Paulo: Nobel, 2002. SILVA, C. V. O cuidar em saúde da criança: um ato humanizado do cuidado. Rev. Soc. Bras. Enferm. Ped., v. 5, n. 1, p. 5-8, jul. 2005.