Resumo

Utilizando o arcabouço teórico de Hofstede para avaliar a Orientação de Longo Prazo – tanto do questionário VSM08 revisado quanto da escala modificada de Bearden et al. (2006) -, realizou-se uma pesquisa no Brasil, China, Colômbia, Índia, Portugal, Romênia, Espanha e Turquia, através da qual obtiveram-se 1452 respostas válidas. Os resultados indicam que os países pesquisados já não ocupam as mesmas posições relativas que haviam sido identificadas quando da realização do primeiro estudo de Hofstede em 1980, bem como dos resultados mais recentes que empregaram dados do World Value Survey (WVS).

No presente artigo, explora-se a possibilidade de que as mudanças culturais de valores (mais especificamente, o ordenamento dos níveis de orientação de longo prazo) dos países se modificou. Neste sentido, analisa-se a possibilidade de mudança de valores culturais com o postulado de Hofstede (2001) de que os valores culturais dos países mudarão ao mesmo tempo e na mesma direção, testando: se existe diferença em termos de Orientação a Longo Prazo / Curto Prazo entre as gerações;se a orientação de longo prazo apresenta mudanças; e se há mudança no ordenamento dos países.

Dada a natureza do comportamento humano, é razoável supor que os traços culturais mudem com o tempo. Em retrospecto, algumas dessas mudanças são bastante óbvias. O aumento da expressão de gênero da sociedade, a queda nas taxas de natalidade nos países desenvolvidos e o aumento dos níveis de endividamento dos consumidores nos países em desenvolvimento são sinais inequívocos de mudança dos valores culturais.

Os resultados apresentam um ponto importante: como professores, devemos sempre tentar garantir que as informações que transmitimos sejam razoavelmente precisas. Durante os cursos na área de Administração, os alunos se familiarizam com as dimensões de Hofstede; no caso da orientação de longo prazo, os resultados dão indicação de que as informações necessitam ser revisitadas, para evitar aplicar indevidamente a teoria. Além disso, Os resultados aqui apresentados são importantes da caracterização do que denominamos o “mundo real”.

Dois resultados significativos resultam da análise. Primeiro, como mostra a Tabela 2 e em linha com as nossas expectativas, as gerações mais velhas no Brasil, Espanha, Romênia e Turquia, nascidas até 1981 são significativamente mais orientadas a longo prazo do que as gerações mais jovens. No entanto, não houve diferenças significativas na orientação de longo prazo entre gerações em Portugal, na Índia e na Colômbia. Segundo, encontrou-se diferenças significativas da orientação de longo prazo entre países. Em particular, a Colômbia tem LTO mais alta, seguida pela Romênia.

Os pesquisadores da área de Marketing Internacional consideram que as dimensões culturais de Geert Hofstede (1980) compõem um modelo bastante influente das diferenças culturais entre as nações (KIRKMAN; LOWE; GIBSON, 2006; OSLAND; BIRD, 2000; PETERSON; Nesta linha, é importante revisitar as dimensões culturais e verificar a necessidade de ajustes frente às mudanças socio-culturais SONDERGAARD, 2011).