Resumo

Título do Artigo

Para além do comércio de comidas tradicionais: o empreendedorismo étnico de refugiados na cidade de São Paulo
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Palavras Chave

Empreendedorismo étnico
Refugiados
São Paulo

Área

Turismo e Hospitalidade

Tema

Dimensões e Contextos da Hospitalidade

Autores

Nome
1 - VERA LÚCIA STAHELIN RUSTOMGY
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Vila Olímpia
2 - Sênia Regina Bastos
UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI (UAM) - Mestrado em Hospitalidade

Reumo

Ao retomar Kant, sobre o direito de ir e vir, Derrida (2003) discute o argumento do filósofo, o qual preconizava como um imperativo categórico (fato/direito irrevogável), a liberdade do homem de se deslocar para além de seus domínios, adentrando novos territórios, novas nações; contanto, que ali não venha a fixar residência. Derrida (2003) propõe que o estrangeiro, inclusive, os sem documentos: os refugiados possam transitar, e sim, vir a se fixar no país no qual tenham sido recebidos; por uma questão de humanidade, a hospitalidade incondicional deve ser oferecida a quem dela necessite.
O presente artigo teve como objetivo principal compreender os aspectos não-econômicos do comércio de comidas tradicionais, de diferentes origens étnicas, protagonizado por refugiados empreendedores na cidade de São Paulo.
Enquanto o termo migrante (ACNUR, 2018b) se refere ao que migra para outro país, por movimentos espontâneos, preponderantemente, por motivos econômicos, visando melhoria de vida; em busca de um mercado de trabalho mais promissor. Segundo o ACNUR (2018b), refugiado diz respeito à pessoa protegida pelo direito internacional. Isso porque, são pessoas que devido a temores de perseguição: política, religiosa, por orientação sexual, conflitos, violências e outras circunstâncias (calamitosas) se encontram fora de seus países de origem.
Dada a ameaça à preservação da herança cultural intangível sofrida por tais povos, o empreendedorismo étnico se coloca. E pode ser compreendido, segundo Halter (2007), como um nicho étnico criado para si, por imigrantes que se encontravam em minorias raciais e étnicas em determinadas funções, setores da economia, que por alguns motivos, determinados grupos étnicos específicos gozam de vantagem. A autora exemplifica casos como: chineses em lavanderias, judeus na indústria de confecções, coreanos em quitandas, etc.
O caráter cosmopolita da cidade de São Paulo, constituído por diversas etnias através de migrações que a constituíram, possui até os dias de hoje, redes de imigrantes, que baseadas em valores como cooperação e confiança proporcionam ajuda mútua, integração, sociabilidade entre imigrantes. (TRUZZI; SACOMANO NETO, 2007). Os recentes estudos (Cheung, 2013; Mackendrick, 2014; Giacoman, 2016; Moffat, 2017) abordam temáticas de comensalidade têm contribuído para a compreensão de conceitos utilizados para o estudo da alimentação: foodways, food nostalgia, intagible cultural heritage e foodscapes.
BAUMAN, Zygmunt. Estranhos à nossa porta. Rio de Janeiro: Zahar, 2017, 119 pp. DERRIDA, Jacques. Anne Duformantelle convida Jacques Derrida a falar Da Hospitalidade. Trad. Antonio Romane. São Paulo: Escuta, 2003. HALTER, Marylin. Cultura Econômica do Empreendimento Étnico: caminhos da imigração ao empreendedorismo. Pensata. RAE. Vol. 47, nº1 Jan./Mar. 2007. TRUZZI, Oswaldo Mário Serra; SACOMANO NETO, Mário. Economia e empreendedorismo étnico: balanço histórico da experiência paulista. R.A.E., São Paulo, v. 47, n. 2, p. 1-12, Junho, 2007. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-75902007000200005.