Resumo

Educação Superior, Universidade, Sociedade, são temas de variadas discussões no Campo da Educação, particularmente associadas à ideia de reformas universitárias e mercantilização do ensino (ALMEIDA FILHO, 2007; MARTINS, 2012). Nos últimos anos, os debates vão além desses pontos, pois questionam a própria função social da Universidade (MORITZ et al., 2011), inclusive quando novas modalidades de obter conhecimento (mais rápidas, ou onerosas, mais virtualizadas, e direcionadas) ensejam estímulo ao abandono (BIZARRIA; TASSIGNY; FREIRE, 2017).

A pesquisa centra esforços na experiência de uma Universidade Federal Brasileira, a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), locus dessa pesquisa, tendo como objetivo geral, caracterizar a Instituição, como um Projeto Inovador, em decorrência de sua perspectiva epistemológica no campo da decolonialidade epistêmica, considerando seus documentários institucionais.

O projeto Epistemologias do Sul representa um conjunto de proposições articuladas ao enfrentamento da colonialidade, na proposta de um método, as sociologias transgressivas (ausências e emergências), que expandem simbolicamente conhecimentos e práticas e constituem futuros com suporte em opções reais (ESCOBAR, 2016). O Projeto reflete um pensamento pós-colonialista e, por isso, sua condução precisa cultivar uma imaginação sociológica “decolonial” (SAVRANSKY, 2017).

Com suporte na linguagem observacional em vídeo a pesquisa analisa quatro vídeos-documentários autônomos, disponibilizados no mês de novembro de 2016 no site Youtube e um vídeo institucional não disponibilizado na internet quatro vídeos-documentários autônomos, produzido por docentes e discentes da Unilab, em relação com o Grupo de Trabalho Educação, Artes e Interdisciplinaridades - EARTI e o projeto de extensão universitária AFRODITA: a arte da educação e a formação de arte-educadores interculturais, ambos da instituição e um vídeo institucional não disponível na internet.

As categorias empíricas, definidas com auxílio do Atlas Ti, são: Novidade, Colonialidade, Epistemologia, Integração, Cooperação e Língua. E, do esquema gráfico das suas relações, a ‘Novidade’ mostra-se articulada tanto à perspectiva da ‘Igualdade e da Diferença’, que se manifestam da discussão da Epistemologia e da Colonialidade, como expressa conteúdo específico da ‘Missão Institucional’, como a afirmação da Língua portuguesa, a Integração e a Cooperação.

Os documentários demostram consensos em relação à caracterização da Unilab como um Projeto Inovador. Com esses dados, define-se que essa inovação é anunciada em decorrência de sua perspectiva epistemológica em associação à emergência de debates teórico-políticos que evidenciam a necessidade de se considerar a “decolonialidade” epistêmica na constituição de possibilidades acadêmico-formativas integradoras da diversidade cultural em respeito à pluralidade de saberes.

SANTOS, B. de S. A Universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2010. (Coleção questões da nossa época). SANTOS, B. de S.; MENESES, M. P. Introdução. In: SANTOS, B.de S.; MENESES, M. P. (Org.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. BIZARRIA, F. P. A. Da Razão Substantiva à Razão Substantiva Cosmopolita: ensaiando novas possibilidades. Organizações & Sociedade, 2019 (no prelo). MIGNOLO, W. Desafios decoloniais de hoje. Epistemologias do Sul, Foz do Iguaçu/PR, v. 1, n. 1, p. 12-32, 2017.