Resumo

Título do Artigo

“POR QUE NÃO UMA CACHACINHA?”: Estigmas e aspectos simbólicos no consumo da cachaça
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Palavras Chave

Cachaça
Simbolismo
Técnicas projetivas

Área

Marketing

Tema

Consumo e Materialismo

Autores

Nome
1 - Frederico Humberto de Oliveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
2 - Carolina Greco
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Campus Formiga
3 - Fernanda Lorena Garcez Barbosa Mares
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
4 - Luiz Henrique de Barros Vilas Boas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - DAE

Reumo

“A dimensão simbólica do valor social da cachaça foi resultado da imagem negativa produzida pelas elites coloniais que procuravam distinguir-se socialmente através da adoção de um padrão de consumo e estilo de vida por imitação aos europeus” (Chalita, 2008, p. 23). A partir disso, pode-se perceber que a bebida carrega consigo até os presentes dias estigmas construídos historicamente. No entanto, percebe-se que este padrão comportamental está mudando, por forcas mercadológicas e de mudanças no processo produtivo.
O trabalho apresenta o seguinte problema de pesquisa: Quais os estigmas sociais e aspectos simbólicos envoltos no consumo da cachaça? Atender a tal problemática é importante para suprir a lacuna da literatura que trata sobre a visão do consumidor de bebidas alcoólicas sobre o consumo da cachaça. Portanto, a pesquisa tem como objetivo compreender quais as estigmas sociais e os aspectos simbólicos presentes no consumo da cachaça.
O consumo da cachaça é um dos símbolos culturais de Minas Gerais, e remete ao período colonial, no qual os primeiros consumidores da bebida foram os animais e escravos. O histórico da cachaça fez com que a bebida adquirisse uma dimensão simbólica carregada por valor social. Todavia, seu consumo não foi inibido por estes fatores, tendo grande apelo popular e emotivo (Lima, Silva, & Rocha, 2006; Paiva, 2017). Rocha (2005) argumenta que a verdadeira necessidade do consumo é a simbólica.
Foram aplicadas entrevistas em profundidade combinadas com técnicas projetivas para extrair dos respondentes assertivas sobre estigmas e aspectos simbólicos do consumo da cachaça. Foram realizadas 11 entrevistas escolhidas pelo método não probabilístico de conveniência. A partir das entrevistas foi montado um questionário com 4 níveis de concordância sobre as assertivas extraídas. Foram coletadas 342 respostas do questionário e os dados foram tratados no SPSS. Para análise dos resultados foi feita análise descritiva, clusters e análise discriminante.
O tópico de análise de resultados divide-se entre a análise dos resultados encontrados nas entrevistas qualitativas e dos resultados obtidos com a aplicação do questionário. As entrevistas geraram uma grande quantidade de assertivas que foram escolhidas conforme o número de repetições. Na análise dos dados do questionário foi possível perceber que algumas assertivas não foram validadas. Foi possível distinguir 3 grupos principais, os quais não apresentaram diferenças demográficas relevantes.
A presente pesquisa alcançou seu objetivo, possibilitando um estudo sobre os estigmas e simbolismos envoltos no consumo da cachaça. Foi possível perceber, a partir do agrupamento dos respondentes, que alguns consumidores de bebidas alcoólicas ainda se encontram relutantes em aceitar a cachaça como um potencial produto a ser apreciado em algumas situações de uso. Entretanto, estes consumidores já realizam um papel de quebra de preconceitos com a bebida.Outro grupo de consumidores apresentou-se radicalmente contra o consumo da cachaça, principalmente em contextos familiares e mais intimistas.
Chalita, m. A. N. (2008). A construção social e econômica do gosto e da preferência, o valor simbólico da mercadoria e o desempenho das exportações da cachaça. Informações econômicas, 38(5), 17-29. Lima, I. B.; Silva, L. H.; Rocha, L. E. V. (2006). "Cachaça de minas" e desenvolvimento rural: Uma analise para o cooperativismo e agronegócio. Embrapa. Disponível em: . Rocha, E. (2005). Culpa e prazer: imagens do consumo na cultura de massa. Comunicação, mídia e consumo. 2(3), 123-138.