Resumo

Título do Artigo

Opt-Out: Os Sentidos do Trabalho para a Mulher após o Nascimento dos Filhos
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Palavras Chave

Opt-out
Sentidos do trabalho
Maternidade

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Cynthia Maria Brasiel de Filippo Menicucci
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - Programa de Pós-Graduação em Administração
2 - Simone Costa Nunes
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-graduação em Administração

Reumo

Mulheres talentosas, formadas em renomadas universidades e com independência financeira estão deixando o emprego por um período de tempo ou definitivamente para cuidar dos filhos (Belkin, 2003; Biese-Stjernberg, 2013; Grant-Vallone & Ensher, 2011). Esse fenômeno é conhecido como opt-out. Este ensaio teórico visa propor uma reflexão acerca dos sentidos do trabalho envolvidos no opt-out da carreira da mulher após o nascimento dos filhos. A discussão proposta considera os sentidos do trabalho para as mulheres como forma de buscar mais entendimento para o fenômeno.
A mulher desempenha múltiplos papéis ao longo de sua existência e quando nascem os filhos, novas prioridades passam a fazer parte do seu cotidiano, levando-a a repensar a carreira e o trabalho (Hewlett, 2002; Barbosa & Rocha-Coutinho, 2007). Fatores relacionados ao trabalho (longas jornadas de trabalho, pressão para entregar resultados etc), associados à necessidade de cuidar e estar próxima da família, levam mulheres a deixar o trabalho. Diante disso, este ensaio teórico propõe reflexão acerca dos sentidos do trabalho envolvidos no opt-out da carreira da mulher após o nascimento dos filhos.
A geração das mulheres nascidas a partir de 1970 foi incentivada a deixar o trabalho do lar para estudar e competir de igual para igual com os homens nas organizações e a não depender financeiramente do marido. Mas, há aquelas que fazem a opção pelo cuidado dos filhos, como afirma Scalabrin (2008). Estudo como o de Volpe e Murphy (2011), com mulheres casadas, bem formadas e com condição econômica de escolher, indica que o conflito para conciliar trabalho e família, bem como mudanças de prioridades ao longo da vida, são decisivos para as mulheres deixarem as organizações.
Se, de um lado, ser mãe, esposa, dona de casa e profissional já foi o sonho de muitas mulheres e considerado pela sociedade um avanço, hoje o sonho de algumas parece ser o de poder optar por acompanhar o desenvolvimento dos filhos e dar a eles total assistência e cuidado. Também, parece crescer o número de mulheres que não querem sustentar o papel social de supermulher. Assim, as demandas familiares contribuem para as mulheres deixarem o trabalho (Cabrera, 2007; Stone, 2007). Algumas desejam desempenhar o papel feminino tradicional, tendo a maternidade como uma de suas prioridades.
O opt-out é pouco estudado no Brasil e pesquisas realizadas estão relacionadas à conciliação entre profissão, conjugalidade e paternidade para homens e mulheres com filhos na primeira infância (Vanalli, 2012); às perdas e ganhos do opt-out (Passos & Martinez, 2015); e às carreiras sem fronteira e trajetórias descontínuas (Scalabrin, 2008). Mas, é possível analisá-lo sob outras lentes, como a sua associação com o nascimento dos filhos e mesmo compreender melhor que fatores e sentidos do trabalho estão presentes para que a mulher faça a opção de sair da organização para cuidar da prole.
Barbosa, P.Z. & Roch,a-Coutinho, M.L.(2007). Maternidade: novas possibilidades, antigas visões. Psicologia Clínica, 19(1), 163-185 Biese-Stjernberg, I.(2013). Opting out: a critical study of women leaving their careers to adopt new lifestyles. Väitöskirja: University of South-Australia Cabrera, E.F.(2007). Opting out and opting in: understanding the complexities of women's career transitions. Career Development International, 12(3), 218-237 Ceribeli, H.B., & Silva, E. R.(2017). Interrupção voluntária da carreira em prol da maternidade. Pensamento Contemporâneo em Administração, 11(5), 116-139.