Resumo

Título do Artigo

Resiliência e a difusão de conhecimento regionais: o caso do setor têxtil e de confecção de Brusque (SC)
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Palavras Chave

Resiliência Regional
Difusão de conhecimento
Desenvolvimento Regional

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Cluster e Redes de Negócios

Autores

Nome
1 - Newton da Silva Miranda Júnior
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - Campus Darcy Ribeiro
2 - Valmir Emil Hoffmann
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA (UNB) - PPGA

Reumo

Após a crise de 2008-2009, a resiliência passou a ser utilizada em referência ao desempenho de setores econômicos, cidades, regiões, países – todos sob a denominação de resiliência regional. O entendimento prevalecente de resiliência como desempenho preconiza a capacidade de resposta de sistemas frente a distúrbios que impactam o crescimento econômico – perspectiva equilibrista. Por outro lado, sob a acepção de processo, o entendimento de resiliência é voltado à análise de como um sistema transita rumo novas trajetórias de desenvolvimento - perspectiva evolutiva.
Segundo Marshall, as aglomerações apesar de seus retornos crescentes estão vulneráveis ao declínio. Sendo a resiliência a capacidade de um sistema de contornar adversidades tanto pela restauração de trajetórias de desenvolvimento, quanto pela criação de novas, sugere-se que a difusão de conhecimento externo no âmbito da aglomeração pode ser uma maneira de contornar entropia e, assim, ser fonte de resiliência. O objetivo foi analisar o processo de resiliência evolutiva do setor têxtil de Brusque, de 2007 a 2019, evidenciando o papel da difusão de conhecimento promovida entre os atores locais.
Apresentação das perspectivas equilibrista, que aborda resiliência como resultado, e da evolutiva, que a aborda como processo. Descrição do modelo de anatomia da resiliência regional de Martin e Sunley (2015), que a descreve como um processo formado por vulnerabilidade, choque, resistência, robustez e recuperabilidade. Argumenta-se em favor da capacidade de resiliência de uma região dada por meio da difusão de conhecimentos via superação de conhecimentos redundantes não mais valiosos por outros sintonizados às tendências de mercado.
Assentado sob a epistemologia pós-positivista, a abordagem do estudo é a multimétodo. Foram utilizados os instrumentos da pesquisa documental e das estatísticas descritiva e multivariada. Os dados analisados, tanto qualitativos quanto quantitativos, foram de natureza secundária: os primeiros provenientes de 185 reportagens coletadas em diferentes jornais de circulação nacional e regional, ao passo que os segundos de bases de dados. As técnicas analíticas empregadas foram a análise de conteúdo (por meio do NVivo), estatística descritiva e análise de correspondência (por meio do SPSS).
Os resultados sugerem que, embora a indústria de transformação têxtil da região tenha cedido lugar ao setor de serviços, o município ainda se ancora no setor de T&C. Há esforço de atores locais em ceder a imagem histórica de berço da fiação em favor do reconhecimento como polo de moda e comércio de pronta-entrega. A atuação e prestação de serviços pelas instituições locais, a oxigenação de ideias via comércio internacional, ecossistema têxtil empreendedor e especialização do território na cadeia de T&C foram variáveis encontradas sugestivas de forças de Brusque que contribuem ao setor de T&C.
Há indícios de que o desenvolvimento econômico da região não mais se apresenta adstrito à indústria de transformação têxtil, havendo despontado outros sustentáculos relacionados ao setor, a exemplo do comércio e do turismo relacionados ao setor de T&C como formas alternativas de recuperabilidade econômica da região. Corrobora-se o pressuposto marshalliano de conhecimento que paira sobre o ar, uma vez que o segmento têxtil tem perpassado diferentes formas – porém relacionadas – de atividades econômicas indo ao encontro da definição de adaptação dentro da perspectiva da resiliência evolutiva.
As principais bases teóricas do estudo foram: Jacobs, J. (1961). The death and life of great american cities (Vintage bo). New York: Random House. Marshall, A. (1996). Princípios de Economia: Tratado Introdutório. Brasília: Nova Cultural Ltda. Martin, R., & Sunley, P. (2015). On the Notion of Regional Economic Resilience: Conceptualisation and Explanation. Journal of Economic Geography, 15(1), 1–50. Pendall, R., Foster, K. A., & Cowell, M. (2010). Resilience and regions: Building understanding of the metaphor. Cambridge Journal of Regions, Economy and Society, 3(1), 71–84.