Resumo

Título do Artigo

O PODER NO CAMPO DAS ORGANIZAÇÕES E SUA RELAÇÃO COM OS NOVOS COMPORTAMENTOS REPRODUTIVOS DAS PROFISSIONAIS CONTEMPORÂNEAS: UM OLHAR A PARTIR DE FOCAULT
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Palavras Chave

Carreira Feminina
Foucault
Relações de poder

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Temas Emergentes e Modismos em Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - VIVIANE CORDEIRO DE ALMEIDA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - BELO HORIZONTE
2 - Carolina Maria Mota Santos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração

Reumo

Neste trabalho o tema poder é tratado a partir da discussão de Michel Foucault, que trabalhou a temática na perspectiva interdisciplinar favorecendo conexões importantes sobre a dinâmica do poder nas organizações. O aumento do interesse na preservação da fertilidade feminina (Mertes & Pennings, 2011) levou algumas empresas a adicionar ao seu rol de benefícios o patrocínio financeiro para realização do procedimento (Minter, 2014). Com isso, há temores de que por detrás desta estejam presentes desigualdades ocultas de gênero e coerção (Grant, 2016).
A pergunta deste ensaio é: seria o fenômeno “patrocínio institucional da procrastinação da maternidade” um benefício legítimo? Ou seria um tipo de (re) pressão histórica que persegue a mulher ao longo de décadas? O objetivo do ensaio foi construir uma proposta teórica de análise das relações de poder no campo das organizações sob a perspectiva Foucaultiana e sua correlação com os novos comportamentos reprodutivos das profissionais contemporâneas.
Para fazer esta reflexão pretende-se utilizar da perspectiva Foucaultiana de poder. Para Foucault o “poder é essencialmente aquilo que reprime”, nesse sentido, o poder reprime a natureza, reprime os instintos, reprime as classes e reprime os indivíduos (Foucault, 1980, p.89). O poder é, portanto, concebido como um meio de repressão (Amorim & Perez, 2010). A partir desse ponto de vista, a análise do poder deve ser desenvolvida primeiramente pela análise dos mecanismos de repressão (Pereira da Silva, 2016).
A discussão decorre da proposta realizada por algumas empresas do segmento de tecnologia, onde inclui em seu rol de benefícios o patrocínio financeiro para congelamento de óvulos de colaboradoras. A análise partiu do argumento de que os processos institucionais ocorrem dentro de campos discursivos. A partir desta perspectiva, práticas que são institucionalizadas são práticas que funcionam, ou seja, práticas necessárias e úteis ao exercício do poder.
A leitura foucaultiana trouxe contribuições ao destacar que o poder não é em si, positivo ou negativo, ou seja, são os objetivos e as formas pelos quais o poder se apresenta que lhe conferem positividade ou negatividade. Por isso, ao tratarmos da temática e seus reflexos no comportamento reprodutivo da mulher contemporânea, inevitavelmente surgiu a proposta de Gramsci como um possível caminho, no qual talvez seja possível evitar que o poder seja utilizado apenas como dominação, ou seja, o caminho que enaltece os valores coletivos e a democratização do debate antes da decisão.
Foucault, M. (1987). Vigiar e Punir. ed. Petrópolis: Vozes. Foucault, M. (1995). Microfísica do poder. 11. ed. Rio de Janeiro: Graal. Foucault, M. (2007). Microfísica do poder. 24. ed. Rio de Janeiro: Graal, Mertes, H., & Pennings, G. (2011). Social egg freezing: for better, not for worse. Reproductive biomedicine online, 23(7), 824-829. Minter, H. (2014). By offering to freeze their employees' eggs, Apple and Facebook make it clear they don't know what women want. The Guardian, 15.