Resumo

Título do Artigo

ASSÉDIO MORAL E RELAÇÕES DE GÊNERO: SITUAÇÕES DE CONSTRANGIMENTO VIVENCIADAS POR GESTORAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.
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Palavras Chave

Assédio Moral
Gênero
Gestoras

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Amanda de Gouveia Figueira Rodrigues
-
2 - Valdir Machado Valadão Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) - Fagen

Reumo

O assédio não é um fenômeno novo, ocorre ao longo da história sob vários formatos, com comportamentos depreciativos e violentos nos âmbitos social, psicológico e físico. Freitas (2001) já considerava que, apesar de não ser um tema novo, de o assédio acontecer ao longo da história, o diferencial é que existe a novidade da denúncia, em especial no âmbito organizacional. Nas organizações, ele nasce do encontro entre o poder e a perversidade, a qual está ligada ao comportamento de rebaixar o outro sem culpa e sem sofrimento.
O trabalho em questão apresenta como motivação entender como funciona o processo de gestão feminina na Universidade Federal de Uberlândia, analisando o que estas mulheres gestoras vivenciaram ou vivenciam no cotidiano de seus trabalhos, delimitando os aspectos relacionados ao assédio moral e a qualquer situação de constrangimento por que porventura passam ou tenham passado e que possa ter relação com a questão de gênero. A pesquisa tem como delimitação temporal os últimos 10 anos , já que a universidade, nesse período, passou por três gestões diferentes e recebeu servidores por concursos.
Concomitantemente com a mudança nas relações de gênero e a participação maior da mulher em vários setores da sociedade, surgem ações destrutivas e comportamentos inadequados que provocam desconforto, angústia e doenças: trata-se do assédio moral. Aaltonen e Rodrigues (2013) destacam que os estudos sobre assédio começaram a acontecer em meados dos anos 1980, tanto no Brasil quanto em outros países. O assédio moral é um processo complexo que inclui a interação de aspectos interpessoais, sociais (grupais) e organizacionais.
Para o recrutamento das participantes do estudo, solicitamos as portarias publicadas no Diário Oficial que nomearam cargos de chefia entre os técnicos administrativos em educação durante o período de 2008 a 2018, na Universidade Federal de Uberlândia. Foram realizadas 16 entrevistas com gestoras do nível técnico administrativo nas funções de chefe de setor, gerente e coordenador. Para a coleta dos dados foram utilizados a entrevista do tipo episódica (Bauer e Gaskel, 2002) e relatórios da Ouvidoria e Comissão Permanente de Sindicância e Inquérito Administrativo (Copsia).
A fim de tornar a análise crítica e confiável, foi utilizada a análise de conteúdo para o estudo e seus resultados. Embora algumas das entrevistadas relataram que o “ser mulher” parece não ter sido o problema ou motivo de constrangimento no cargo de gestão, no decorrer da entrevista, os relatos parecem discordar dessa afirmação, apresentando-se situações que remetem a constrangimentos vividos com ligação direta com a situação de gênero. No tocante às entrevistas, a maioria das gestoras afirmaram já terem vivido ou estarem vivendo situações de assédio.
Algumas das entrevistadas disseram já ter vivido ou ainda viverem situações que podem ser categorizadas como assédio moral. Suas falas denotam comportamentos que causavam ameaças, menosprezo, humilhação e críticas, comportamentos esses que se repetiam ao longo do tempo, trazendo prejuízos às vítimas. Em alguns casos observamos a ocorrência de situações de constrangimento que poderiam evoluir para um quadro de assédio.Percebe-se pelas vivências das gestoras, que predomina a visão de que as atitudes e os comportamentos de assédio partem de ambos os sexos.
Freitas, M. E. D. (2001). Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de Empresas, 41(2), 8-19. Aaltonen, A.; Rodrigues, M. (2013) A Reação ao Assédio Moral no ambiente do trabalho. Revista de Carreiras e Pessoas, v. 3, n. 1, p. 76-86 Bauer, M. W.; Gaskell, G. (2002) Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 2ª Edição. Petrópolis, RJ: Vozes.