Resumo

Título do Artigo

Desvendando o Processo de Internacionalização de uma ONG: O caso Médicos Sem Fronteiras
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Palavras Chave

ONG
Processo de Internacionalização
Born Global

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Estratégia Internacional e Globalização

Autores

Nome
1 - Paula Porto de Pontes Valentim
Fundação de Apoio à Escola Técnica - Bom Jardim
2 - Angela Maria Cavalcanti da Rocha
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - IAG Escola de Negócios

Reumo

A literatura de negócios internacionais tem dado escassa atenção aos processos pelos quais as ONGs se expandem internacionalmente. Apesar da expansão do escopo dos estudos de negócios internacionais nas últimas décadas em resposta ao fenômeno da globalização, esta literatura é praticamente omissa quando se trata de examinar a internacionalização de outros tipos de organizações, tais como as organizações não governamentais (ONGs) (e.g. Buckley, 2002; Lambell et al., 2008; Tegeen, Doh & Vaccani, 2004; Vachani, Doh & Teegen, 2009).
Não foram identificados estudos que analisem o processo de internacionalização de ONGs. Os poucos estudos que examinam aspectos internacionais da atuação de ONGs têm se concentrado no exame da relação entre multinacionais e ONGs (por exemplo, Bhanji & Oxley, 2013; Nebus & Rufin, 2010). Buscando contribuir para o preenchimento de uma lacuna na literatura, o estudo buscou responder à seguinte pergunta: As teorias comportamentais de internacionalização, em particular o Modelo de Uppsala, e a perspectiva de Born Global podem explicar o fenômeno de internacionalização de ONGs?
O Modelo de Uppsala e a perspectiva de Born Global foram desenvolvidos para explicar a internacionalização de empresas, e não de ONGs. No entanto, a ausência de literatura voltada especificamente para o processo de internacionalização de ONGs levou à aplicação de modelos desenvolvidos para outros fins, com vistas a verificar sua aplicabilidade a organizações que não visam o lucro.
O presente trabalho utilizou a metodologia do estudo de caso longitudinal (Blazewsky, 2011) dentro da perspectiva in vivo, em que as evidências fora coletadas por meio de dados secundários. É uma pesquisa qualitativa e as evidências são investigadas via estudo de caso único (Ghauri, 2004; Pauwels & Matthyssens, 2004). Optou-se por analisar o caso Médicos sem Fronteiras (MSF) e seu processo de internacionalização no período entre 1971-1999 (ano que ganhou o prêmio Nobel), através do seu vasto conjunto de dados disponibilizados online em site próprio, relatórios gerenciais e financeiros.
A análise dos dados sugere que o processo de internacionalização da ONG MSF pode ser dividida em três etapas: (a) pré-internacionalização (1971-1981): nesta etapa, o Modelo de Uppsala de 1977 e a perspectiva de BG contribuem para o entendimento do processo; (b) Internacionalização gradual (1980-1990): além dos modelos já citados, a versão revisitada do M-U de 2009 fundamenta alguns aspectos do processo de internacionalização; (c) Internacionalização planejada (1990 em diante): observa-se que o processo de internacionalização apresenta somente as características do M-U de 2009.
Os resultados sugerem que as teorias desenvolvidas para explicar o processo de internacionalização de firmas também podem ser utilizadas para analisar o processo de internacionalização de organizações não governamentais, ao menos em sua atuação voltada para a captação de recursos humanos e financeiros. Verificou-se que a trajetória internacional de uma ONG, o MSF, encontra similaridades com as propostas de duas correntes teóricas, que podem ser usadas de forma complementar para explicar este percurso. O M-U em suas versões e a perspectiva de BG podem, portanto, coexistir ao longo do processo.
Blazejewski, S. (2011). When truth is the daughter of time: longitudinal case studies in international business research. Lambell, R., Namia, G., Nyland, C., & Michelotti, M. (2008). NGOs and international business research: Progress, prospects and problems. International Journal of Management Reviews, 10(1), 75-92. Vachani, S., Doh, J.P., & Teegen, H. (2009). NGOs’ influence on MNEs’ social development strategies in varying institutional contexts: A transaction cost perspective. International Business Review, 18(5), 446-456.