Resumo

Título do Artigo

Espelho, Espelho meu, existe consumidor mais invisível do que eu? Reflexos da Vulnerabilidade dos Consumidores de Canabidiol no Brasil
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Palavras Chave

Vulnerabilidade do Consumidor
Invisibilidade de Mercado
Canabidiol

Área

Marketing

Tema

Consumo e Materialismo

Autores

Nome
1 - ANDRE GUSTAVO DA SILVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - PROGRAMA DE PÓ-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
2 - Maura Carneiro Maldonado Mousinho
-
3 - Clara Amorim Pontes Correia Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Programa de Pós-Graduação em Administração
4 - Rita de Cássia de Faria Pereira
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - DEPARTAMENTO DE ADMINISTRACAO/PPGA

Reumo

Uma pergunta perturbadora motivou o início desse estudo: e se a invisibilidade de mercado colocasse em risco a sua vida ou alguém que você ama? Aqui tratamos da vulnerabilidade do consumidor de canabidiol diante de uma invisibilidade de mercado, que inviabiliza o consumo e compromete o seu bem-estar e sua vida. O CBD é extraído medicinalmente em forma de óleo, de modo a aliviar os sintomas de patologias como epilepsia, efeitos da quimioterapia, Parkinson, entre outras. Ele auxilia na qualidade de vida dos pacientes, diminuindo suas dores e limitações, tornando-os mais conscientes e sociáveis.
Nos ocupamos em entender um pouco dessa história contemporânea, buscando revelar como tem sido o papel das ONGs, dos profissionais pesquisadores da área da saúde e, sobretudo, dos pacientes/consumidores na luta por mais visibilidade de mercado. Para tanto nos propusemos a lançar luz sobre possíveis barreiras que contribuem para invisibilidade do paciente/consumidor de canabidiol, a partir da oralidade desses consumidores, destacando ainda o impacto de seu uso medicinal na qualidade de vida destes consumidores.
O Macromarketing estuda a interseção entre sociedade e marketing, e analisa questões como violência, questões culturais ou religiosas, de saúde pública, entre outras. Uma dessas questões é a vulnerabilidade do consumidor, que surge como uma preocupação social relativa ao exercício do marketing e às consequências das disfunções do consumo. Os consumidores da Cannabis medicinal enfrentam a combinação da vulnerabilidade associada ao preconceito social. Propomos que a vulnerabilidade pode surgir da invisibilidade do consumidor, por isso possuem uma relação cíclica que potencializa a fragilidade.
O método utilizado foi a história oral temática, mediante entrevistas gravadas referentes às experiências vividas ou testemunhadas pelos entrevistados. Os roteiros semiestruturados buscaram lançar luz sobre o impacto do uso do CBD na qualidade de vida dos consumidores, descrever o papel das ONGs Abrace e Liga Canábica na visibilidade do movimento e levantar a percepção sobre o preconceito/desinformação dos profissionais da saúde, bem como dos avanços/limitações das pesquisas no Brasil. Para isso contamos com os depoimentos de famílias, funcionárias das ONGs e de um médico/pesquisador.
Os depoimentos das famílias simbolizam o cotidiano de tantas outras, que estão no anonimato e experimentam o drama de lutar pelo direito ao consumo da Cannabis medicinal no Brasil. O relato de uma das gestoras da ONG paraibana, ABRACE, que ganhou notoriedade ao conseguir na justiça a primeira liminar viabilizando o acesso de seus associados aos derivados da Cannabis, reforça a necessidade de mobilização da sociedade civil. Por fim, o depoimento do médico/pesquisador que acompanha o drama das famílias, demonstra que o preconceito é um dos limitadores dos avanços das pesquisas na área da saúde.
O estudo buscou evidenciar as questões individuais dos pacientes e familiares, seus depoimentos basearam a inferência de que a relação cíclica entre vulnerabilidade e invisibilidade do consumidor de CBD demanda a ampliação das discussões científicas, especialmente no Brasil. Para que possíveis preconceitos não sejam entraves aos avanços legais, garantindo aos pacientes o direito de se beneficiarem com o consumo da Cannabis medicinal. Vemos como um passo inicial a desmistificação de seu uso medicinal, tanto na esfera social, como política, medicinal e judicial.
BAKER, S. M.; GENTRY, J. W.; RITTENBURG, T. L. Building understanding of the domain of consumer vulnerability. Journal of Macromarketing, v. 25, n. 2, p. 128-139, 2005. MCKEAGE, K.; CROSBY, E.; RITTENBURG, T. Living in a Gender-Binary World: Implications for a Revised Model of Consumer Vulnerability. Journal of Macromarketing, v. 38, n.1, p. 73-90, 2018. PAVIA, T. M.; J. MASON, J. M. Vulnerability and Physical, Cognitive, and Behavioral Impairment: Model Extensions and Open Questions. Journal of Macromarketing, v. 34, n. 4, p. 471-485, 2014.