Resumo

Independentemente dos fatores internos e externos que influenciam o comportamento do indivíduo ou da organização, sempre haverá um fato que ninguém será capaz de controlar e será inevitável: a morte. E quando a morte é do gestor da empresa e a herança recai a esposa que até então nunca havia administrado, as forças para superar o luto, manter e fazer crescer um patrimônio além do gerenciamento familiar e do seu próprio sentimento, vão além de um simples modo de aliviar a dor, reflete sobre o posicionamento das mulheres diante o mercado machista, da luta por seus direitos e por igualdade.

O que fazer diante eventos inesperados que resultam na mudança de papéis, assunção de primeira gestão empresarial e quebra de paradigmas e preconceitos? O presente artigo tem como objetivo geral analisar o comportamento resiliente de viúvas frente a gestão em três momentos distintos: antes, durante e depois do falecimento do marido.

A Resiliência significa a capacidade de resistência e adaptação ao choque, às situações de grande estresse e situações adversas. As pessoas mais resilientes exibem uma melhor reação frente às mudanças da sociedade, consequentemente apresentam poucas disfunções em momentos de situações críticas e maior capacidade de se antecipar à quaisquer alternâncias (CONNER, 1995), encaram e aprendem com as transformações ou casos traumáticos, e conseguem “dar a volta por cima” modificando o sofrimento em competência, dominando os problemas e resolvendo-os de modo mais prático e racional (PIOVAN, 2012).

A presente pesquisa é caracterizada por ser descritiva, exploratória e qualitativa. A coleta de dados foi realizada através de uma entrevista semi-estruturada a cinco viúvas gestoras de negócios caracterizados por ser de predominância masculina, do município de Ponta Porã- MS. O instrumento de coleta baseou-se na pesquisa de Minello (2010), seguido de adaptações elaboradas pelas autoras do presente estudo. Para a análise e interpretação dos dados foram criadas categorias e subcategorias de acordo com análise de conteúdo de Bardin (1977).

De acordo com as entrevistas, constatou-se que os relacionamentos interpessoais e religiosos as influenciaram o comportamento resilientes das viúvas. Decidiram assumir a gestão da empresa herdada pelos filhos, pelos funcionários e como modo de escapismo. Tiveram apoio, mas ainda enfrentam preconceitos e desaforos. Seus maiores desafios estão ligados à liderança, tributação e atuação no segmento que atuam. Fizeram várias mudanças na organização, desde descrição de cargos, gestão financeira até a ampliação física. Algumas se reconhecem como gestoras e outras acham muito recente opinar.

Os desafios enfrentados pelas viúvas não se limitaram em técnicas de gestão ou experiência profissional, mas abrangeram aspectos emocionais, mentais e interpessoais, dos quais incorporam a resiliência. Utilizaram as características femininas e comportamentos resilientes para administração a empresa, a família e seu próprio eu. A pesquisa encontrou como limitações o número de entrevistadas e também pelo tema ser bastante delicado, algumas gestoras indicadas não aceitaram contribuir, oportunizando a possibilidade de estudos futuros com um maior número, e entrevistas com os demais envolvidos.

BARDIN, L. Analise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. CONNER, D. R. Gerenciando na velocidade da mudança: como gerentes resilientes são bem sucedidos e prosperam onde outros fracassam. Rio de Janeiro: Infobook, 1995. MINELLO, I. F. Resiliência e Insucesso Empresarial: um estudo exploratório sobre o comportamento resiliente e os estilos de enfrentamento do empreendedor. 2010. 321f. Tese (Doutorado em Administração). Faculdade de Economia, Contabilidade e Administração, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010. PIOVAN, R. Resiliência: como superar pressões e adversidades no trabalho. São P