Resumo

Título do Artigo

Gestão da Diversidade e Inclusão de Pessoas com Deficiência: a perspectiva da área de Recursos Humanos
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Palavras Chave

Diversidade
Pessoas com Deficiência
MEPT

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Amyra Moyzes Sarsur
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - PPGA - PUC Minas
2 - Simone Costa Nunes
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-graduação em Administração
3 - Júlio Fernando da Silva
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração
4 - Wilson Aparecido Costa de Amorim
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Administração

Reumo

A pesquisa emerge da constatação da escassez de estudos sobre a diversidade e inclusão de Pessoas com Deficiência no mercado de trabalho no Brasil. Embora o direito ao trabalho seja um direito civil, as Pessoas com Deficiência encontram obstáculos para ingresso, seja por barreiras físicas, tradição cultural, preconceitos, formação precária, outras. Na perspectiva organizacional, as áreas de Recursos Humanos (RH) são responsáveis pelas políticas e práticas de gestão de pessoas, incluindo este grupo minoritário. O artigo explora as respostas de 23 empresas em Minas Gerais, sobre a temática.
A temática, inserida discursivamente pelas organizações e objeto de um conjunto de legislações, continua obtendo pouca atenção de empresas, academia e sociedade. É alto o desemprego de Pessoas com Deficiência, mesmo com a Lei de Cotas, Agenda 2030/ONU e recomendações internacionais das quais o Brasil é signatário. Compreender este contexto e público, constituiu-se como problema de pesquisa, cujo objetivo é analisar como as áreas de RH percebem a diversidade e inclusão desse grupo e em que medida vêm cumprindo seu papel como responsáveis pela implementação de políticas para sua efetividade.
As organizações precisam desenvolver novas práticas de gestão de pessoas orientadas para a diversidade. Nesse estudo o foco está na inclusão de Pessoas com Deficiência, considerando-se a inclusão como o processo de construção de uma sociedade para todos, tendo como alvo a transformação dos ambientes sociais (ou laborais), e não a pessoa. Apesar dos 27 anos da Lei de Cotas já ter propiciado avanços, ainda há uma série de obstáculos para a inclusão, sendo os principais, aqueles ligados à acessibilidade: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal.
A pesquisa iniciou-se com o levantamento bibliográfico e utilizou-se do banco de dados das Melhores Empresas para Você Trabalhar (MEPT), e da descrição qualitativa das práticas de gestão, numa abordagem quali-quanti. Foram consideradas 23 empresas de Minas Gerais e os conteúdos foram analisados criticamente, a partir de categorias: da MEPT (políticas de diversidade e ações para Pessoas com Deficiência: atendimento da cota, instalações, apoio a entidades, treinamento para o desenvolvimento profissional, ações de comunicação e informação), e da abordagem teórica (dimensões da acessibilidade).
Somente 16 empresas têm políticas para diversidade e Pessoas com Deficiência, evidenciando pouco investimento nos grupos minoritários, mesmo com a Lei de Cotas. Constata-se o uso de terminologias ultrapassadas para referência às Pessoas com Deficiência e tratamentos que não respeitam o desenho universal e dimensões de acessibilidade, além de um discurso que reforça apenas o cumprimento da cota. Ainda que se observem ações de sensibilização, busca por acessibilidade física e criação de comitês de diversidade, observa-se que os RHs estão insuficientemente preparados para a gestão da diversidade.
Conclui-se que, por um lado, há uma preocupação das empresas em mostrarem-se ativas no processo de inclusão e cumprimento da Lei de Cotas, mas, por outro, há uma atuação marcada pela concepção tradicional da Pessoa com Deficiência como alguém especial e que precisa de um tratamento ostentado por práticas diferenciadas, que trazem visibilidade e melhoria à imagem institucional. De toda forma, não se ignoram alguns avanços em aspectos que beneficiam esta minoria. Em relação à ação das áreas de RH, infere-se que há um movimento de reflexão maior, mas ainda não uma ação efetiva e inovadora.
Bebbington, D. & Özbilgin, M. (2013). The paradox of diversity in leadership and leadership for diversity. Management International. Carvalho-Freitas, M.N. & Marques, A.L. (2010). Inserção de pessoas com deficiência em organizações brasileiras: um estudo com empresas socialmente responsáveis. Revista Eletrônica de Gestão Organizacional. Chang, E.H. et al. (2019). Diversity thresholds: how social norms, visibility and scrutiny relate to group composition. Academy of Management Journal. Sassaki, R.K. (2009). Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabilitação