Resumo

As práticas empreendedoras podem transformar a sociedade, trazer mudanças e criar sociabilidade (Hjorth, 2013). Sob a ótica do empreendedorismo buscamos analisar as vaquejadas, entendo-as como um esporte (Felix & Alencar, 2011) e, assim como os rodeios, como patrimônio cultural.

Este artigo busca responder ao seguinte questionamento: quais os significados e motivações relacionados ao empreendedorismo em vaquejadas? Desta forma, tem-se como objetivo caracterizar da vaquejada enquanto competição e festa, e, a partir disso, entender a percepção dos empreendedores sobre ela, bem como suas motivações para empreender neste tipo de festividade.

A fundamentação teórica busca caracterizar as vaquejadas e as formas de empreender. A quantidade de agentes e de atividades presentes em uma vaquejada permite que ela seja entendida como economicamente rentável e que, enquanto festas (Amaral, 1998), seja vista como investimento de fonte de lucro. Nesse aspecto, pode-se destacar as atividades desempenhadas neste tipo de festividade que envolvem várias camadas da sociedade e vários tipos de negócios. Sendo assim, acredita-se que as vaquejadas podem ser um espaço propício ao empreendedorismo (Rindova, Barry, & Ketchen Jr., 2009).

Adotou-se abordagem qualitativa, com uso de entrevistas. Os sujeitos da pesquisa são os organizadores da vaquejada e os pessoas que empreendem nela. Ao todo foram conduzidas 17 entrevistas, durante a 44ª Vaquejada de Caririaçu - CE.

A maioria dos sujeitos entrevistados são homens. Das 15 entrevistas realizadas, apenas cinco foram com empreendedoras do sexo feminino. De modo geral, nesse nicho de negócios, os empreendimentos são no ramo de alimentação e bebidas. Alguns dos sujeitos reconhece a vaquejada como uma festa que pode ser uma possibilidade de diversão, trabalho, renda e oportunidade de empreender e isso direta e/ou indiretamente colabora à formação de fatores motivadores para que eles empreendam, seja por oportunidade ou necessidade.

Este trabalho compreendeu o significado das vaquejadas para empreendedores, e suas motivações para empreender. Fez-se inicialmente uma caracterização da vaquejada e, utilizando a vaquejada como campo de atuação para empreendedores, demonstrou-se o perfil dos sujeitos que empreendem e suas motivações para empreender neste tipo de festividade. A vaquejada tem vários significados, e é vista como competição, festa, oportunidade de negócios e, por isso, capaz de gerar ocupação, trabalho e renda, onde os sujeitos também se divertem enquanto que, estão no seu ambiente de trabalho.

Anderson, A. R. (2000). Paradox in the periphery: An entrepreneurial reconstruction? Entrepreneurship & Regional Development, 12(2), 91-109. Davel, E., & Cora, M. A. J. (2016). Empreendedorismo cultural: cultura como discurso, criação e consumo simbólico. Políticas Culturais em Revista, 9(1), 363-397. Felix, F. K. L., & de Alencar, F. A. G. (2011). O vaqueiro e a vaquejada: do trabalho nas fazendas de gado ao esporte nas cidades. Revista Geográfica de América Central, 2, 1-13. Yin, R. K (2010). Estudo de caso: planejamento e métodos (4. ed). Porto Alegre: Bookman.