Resumo

Título do Artigo

“MONITORIA É TIRAR DÚVIDA, NÃO É DAR AULA”: SIGNIFICAÇÕES CONSTRUÍDAS POR DIFERENTES ATORES DO PROGRAMA DE MONITORIA DE UMA UNIVERSIDADE FEDERAL BRASILEIRA SOB A PERSPECTIVA DO CONSTRUCIONISMO SOCIAL
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Palavras Chave

Monitoria
Iniciação à Docência
Construcionismo Social.

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Formação do Professor e Pesquisador

Autores

Nome
1 - Lucas Rocha Vieira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia - DAE
2 - Cléria Donizete da Silva Lourenço
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia

Reumo

Compreender que a monitoria pode ser significada de diferentes maneiras é importante, pois o significado que ela assume implica na definição de seus objetivos e nas formas pelas quais ela é operacionalizada. Por exemplo, ela pode se estruturar enquanto ação isolada, projeto, programa institucional ou como política pública. Também implica na definição de quais atores serão envolvidos na atividade, podendo ser apenas monitor e discentes ou envolvendo também um docente orientador, o corpo docente, um gestor institucional ou a instituição como um todo.
As questões que nortearam esta pesquisa foram: quais são os significados e sentidos atribuídos à monitoria acadêmica, pela IES, docentes e monitores? Como estas significações implicam na organização cotidiana da monitoria? Como esse cotidiano da monitoria proporciona contribuições ou limitações para os participantes? O objetivo da pesquisa foi compreender como os significados e sentidos atribuídos à monitoria, pela IES, pelos docentes e monitores implicam no cotidiano dos envolvidos, gerando contribuições e dificuldades.
O Construcionismo Social (BERGER; LUCKMANN, 2011) se justifica por esse movimento considerar o conhecimento da realidade como uma construção social que se realiza nas interações sociais, mediada pela linguagem. Assim, esta abordagem mantém aderência com o objeto de estudo, pois a monitoria está associada à dimensão do ensino, principalmente como uma atividade de mediação de conhecimentos. Além disto, argumenta-se que a monitoria deve assumir um aspecto de vivência inicial da docência, profissão que é fundamentalmente uma profissão de interações humanas.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa realizada por meio da pesquisa documental e de entrevistas qualitativas. A monitoria foi o objeto de estudo. O lócus de pesquisa foi um departamento didático-científico de uma IFES. As entrevistas foram realizadas em novembro e dezembro de 2018 com 12 monitores, 8 professores orientadores e 5 membros do Comitê de monitoria. O método de análise utilizado em todo o conjunto de dados foi a análise das práticas discursivas. A técnica de análise foi a produção de mapas de associação de ideias proposta por Spink e Lima (2013).
Foi proposto um modelo analítico estruturado em três dimensões: tecido de significações, organização do cotidiano e contribuições e dificuldades. A partir do momento em que as pessoas envolvidas atribuem à monitoria principalmente o sentido de “tirar dúvidas” dos estudantes nas vésperas de prova, o potencial do programa fica comprometido uma vez que o sentido formativo da monitoria é esvaziado. Isso traz sérias implicações para a organização do cotidiano da monitoria influenciando nas contribuições do programa e impondo algumas dificuldades.
Destaca-se a necessidade de se desenvolver uma compreensão da importância do sentido formativo da monitoria, afinal de contas, para que se possa contribuir mais com a aprendizagem dos estudantes e com o professor em sua atividade de ensino, existe um vasto conhecimento sobre saberes pedagógicos que permitem refletir sobre a própria prática. São saberes que versam, por exemplo, sobre conhecimento, aprendizagem, mediação, didática, avaliação, planejamento, filosofia da educação e estratégias de ensino e aprendizagem. Estes saberes contribuem para formação da identidade docente como profissão.
BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. 33. ed.; tradução de Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes. 2011. 248 p. SPINK, P.; LIMA, H. Rigor e visibilidade: a explicitação dos passos de interpretação. In: SPINK, M. J. P. (Org.). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. Edição Virtual. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2013. p. 50-78.