Resumo

Título do Artigo

ECONOMIA DA PARTILHA, HORTAS URBANAS E O DIREITO À CIDADE: ENTRE EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS COMPLEXAS E CONTRADITÓRIAS EM BELO HORIZONTE
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Palavras Chave

Economia da Partilha
Hortas Urbanas
Direito à Cidade

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Simbolismos, Culturas e Identidades Organizacionais

Autores

Nome
1 - Daniela Viegas da Costa-Nascimento
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - Armindo dos Santos de Sousa Teodósio
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Programa de Pós-Graduação em Administração

Reumo

As cidades se transformaram em espaços transnacionais de comando da organização da economia global, reproduzindo, muitas vezes, o papel ideológico que o planejamento hegemônico desempenha de produção/consumo de exploração. A partilha é analisada como proposta de modos diferentes de vida, buscando relações a partir do uso comum enquanto forma organizativa da economia urbana. Pela via da agricultura urbana, reforça-se o papel das hortas como instrumento de ação coletiva.
Apesar de as práticas da partilha apresentarem concepções que fogem à lógica estritamente financeira, análises críticas reverberam que os pilares da economia tradicional permanecem. No contraponto entre as visões da motivação gregária e de solidariedade, com as abordagens de motivação financeira e utilitarista, busca-se ampliar o debate sobre as transformações socioeconômicas que as cidades vivenciam.
As implicações da economia da partilha nas cidades, apesar de trazerem um movimento de mudança, nos moldes que se apresentam ainda não parecem capazes de provocar transformações a favor da justiça social e ampliar o direito à cidade como forma de ação social. O movimento apresenta crescimento e vem alterando várias dinâmicas urbanas, mas não é capaz, ainda, de ampliar o direito à cidade, sobretudo nos termos de Lefebvre (2008), atuando nas formas de se planejar e organizar o urbano, que proporcionariam a efetiva participação social das pessoas nas decisões.
O estudo se inscreve no âmbito da pesquisa qualitativa (Denzin & Lincoln, 2006; Creswell, 2014), visto que procura discutir a partilha e as cidades a partir das subjetividades de seus atores e da ação social e das associações construídas pelos atores na vida social urbana. Foi realizada uma imersão em iniciativas de partilha urbana no âmbito da agricultura urbana/hortas urbanas, bem como foram realizadas entrevistas em profundidade com pessoas que representam instituições, governos, especialistas e ativistas do segmento.
A partir das experiências e vivências de agricultura urbana pesquisadas e entrevistas realizadas com setor público, analisa-se que a economia da partilha não representaria uma forma revolucionária de sociedade ao reforçar – ainda que seja com discurso de cooperação e colaboração – a exploração das pessoas pelos meios de produção, a exclusão de sujeitos e a invisibilização de iniciativas mais comunitaristas.
Na partilha das hortas urbanas, a ação microssocial mostra sua potência de mudança da realidade local e da atuação política, a partir das trocas e vivências. Fazer horta significa acreditar em uma mudança do espaço e (por meio) das pessoas. O urbano é continuamente reproduzido, sendo palco para a emergência de lutas, formas de existência e de resistência que se propõem a ampliar o direito à cidade. Essas formas lidam de maneira complexa, permeadas por avanços e novas contradições com dinâmicas de sociabilidade marcadas pela reprodução capitalista da exclusão.
Benkler, Y. (2004). Sharing nicely: On shareable goods and the emergence of sharing as a modality of economic production. Yale Law Journal, 273-358. Costa-Nascimento, D. V. (2019). Economia da Partilha na Dinâmica Urbana: Contradições para o Direito à Cidade. Tese. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Administração. Belo Horizonte. Léfèbvre, H. (2008). O direito à cidade. São Paulo: Centauro. Rifkin, J. (2014). The zero marginal cost society: the internet of things, the collaborative commons, and the eclipse of capitalism. New York: Palgrave Macmillan.