Resumo

Título do Artigo

CIÊNCIA OU NÃO-CIÊNCIA, EIS A DEMARCAÇÃO
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Palavras Chave

Pesquisa científica
Critério de demarcação
Filosofia da ciência

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Métodos e Técnicas de Pesquisa

Autores

Nome
1 - Cristina Doritta Rodrigues
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA/ESPM)
2 - Marcos Amatucci
Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) - São Paulo

Reumo

Desde Sócrates, filósofos questionam “O que é o X?”. O ponto nem sempre tem sido descobrir o que é o X, mas explorar como se pensa sobre o X, trazer à tona as formas superficiais erradas de pensar sobre isso, e esperar que no processo se possa alcançar uma compreensão cada vez melhor do assunto. No século XX, Popper questionou o que é X = ciência e chamou esse tema de “problema de demarcação”, i.e., a busca pelo que distingue a ciência da não-ciência e da pseudociência. Laudan rejeitou prematuramente o problema de demarcação e Pigliucci e Boudry veem esta rejeição como uma visão equivocada.
Baseando-se na conjuntura delineada por Pigliucci e Boudry (2013) e partindo do princípio de que o problema da demarcação é uma questão essencial à Filosofia da Ciência, o estudo traz a lume discussões relevantes sobre a demarcação. Assim, o objetivo geral visa mostrar diferentes critérios e críticas de demarcação desde a demarcação antes de Popper até a resposta de Pigliucci à crítica de Laudan sobre o critério de demarcação, focando-se na proposta de Popper, apresentando-se o estado da arte diante dos argumentos teóricos compilados e discutidos, e de que maneira o tema poderá evoluir.
Nas Seções 2-5 discute-se o problema da demarcação. A seção 2 apresenta a demarcação antes de Popper, na qual se discorre sobre os primórdios dos critérios demarcacionistas. A seção 3 aborda o critério de demarcação de Popper (1957, 1999, 2005), levanta as possíveis objeções e as respectivas repostas de Popper para sustentar sua proposta. A seção 4 expõe a crítica de Laudan (1983) ao critério de demarcação e os argumentos utilizados por ele para rejeitar o critério de Popper. A seção 5 denota a resposta de Pigliucci (2013) à Laudan e insinua direções em que o progresso pode ser esperado.
Para Popper (1999) a demarcação consiste na ousadia e na disposição de procurar por testes e refutações, que são o que distinguem a ciência da não-ciência e da pseudociência. Laudan (1983) denomina o problema de demarcação como um pseudoproblema, mas defende a manutenção da distinção entre conhecimento confiável e conhecimento não confiável. Pigliucci (2013) refuta a rejeição de Laudan e baseia sua abordagem numa versão possivelmente quantificável da semelhança da família wittgensteiniana fundamentada na lógica difusa para criar seu próprio critério de demarcação e avançar no tema.
Resta-nos propor a falsificação, a testabilidade e a refutação do critério de Pigliucci para reconhecer se ele é capaz de definir o que é ciência de não-ciência ou pseudociência. Como Pigliucci adota uma hipótese ad hoc com relação à necessidade de desenvolver métricas quantitativas das variáveis relevantes para medir o grau de cientificidade de uma noção ou campo, é preciso emergir esta métrica para validar a proposta apresentada. Estudos futuros poderão desenvolver esta métrica, contribuindo teórica, empírica e metodologicamente no avanço da ciência na discussão da demarcação.
Laudan, L. (1983). The demise of the demarcation problem. In Physics, philosophy and psychoanalysis, 111-127. Springer, Dordrecht. Pigliucci, M. (2013). The demarcation problem. A (belated) response to Laudan. Philosophy of pseudoscience: Reconsidering the demarcation problem, 9. Popper, K. (2005). The logic of scientific discovery. Routledge. Popper, K. R. (1999). The problem of demarcation. Philosophy: Basic Readings, 247-57.